Tinha 19 anos,
ainda não chegara ao esplendor total, quando casou com o minorca Mickey Rooney,
que passou o tempo, enquanto estiveram juntos, com infidelidades.
Seguiu-se o
casamento com o director de orquestra Artie Shaw, que detestava que ela fosse
actriz, as coisas também não correram nada bem e levou-a descambar numa série
de casos que, ainda mais, a tornaram dependente do álcool.
Até que numa noite, depois de dançar com Frank
Sinatra, talvez Dancing in the Dark, este convidou-a para dar uma volta
no seu Cadillac.
No banco de trás
do carro, seguiam algumas garrafas de fosse do que fosse, porque, tanto um como
o outro, em matéria de bebidas, tudo o que viesse à rede era para despejar.
Vulcanicamente
bem bebidos, numa rua de Indio, desataram aos tiros. A polícia apareceu e Frank
telefonou ao amigo Jack Keller: … esta noite eu e aqui a garota,
enfrascámo-nos um bocado, viemos até Palm Springs e pensámos que era capaz de
ser divertido dar uns tiros para os candeeiros e para as montras, mais nada.
Houve que,
generosamente besuntar as mãos dos polícias para que o caso não saltasse para
as primeiras páginas dos jornais.
Sinatra, casado
com Nancy, não hesitou e envolveu-se com Ava, a mulher cujos olhos verdes
sarapintados de amarelo pareciam irradiar uma luz mais brilhante do que o sol.
História de amor
e tentação.
Ela enfeitiçou-me, contava Frank aos amigos.
Mas à medida que o tempo corria e Sinatra não
ajustava o divórcio, Ava começou a andar engalfinhada com todo o bicho careta
que lhe foi aparecendo, principalmente italianos para deixar Frank, ainda mais
em polvorosa.
Artie Shaw de
novo em cena e Sinatra que, o odiava por o maestro se ter recusado a colocá-lo
como cantor na sua orquestra, ameaçou-o de morte.
Em autobiografia
não autorizada, Kitty Kelley mostra à saciedade que Ava Gardner, em turbulência
sem medida, pôs a cabeça de Frank em Jack Daniels.
Ava Gardner: uma
mulher capaz de tudo.
Como diria Hugo
Pratt seria maravilhoso cair nos seus braços sem cair nas suas mãos.
No dia 23 de
Agosto de 1941 fez um teste para a MGM.
O produtor
George Sidney concluiu:
Não sabe representar, mas é um belo pedaço de
mercadoria.
Quando a
felicitavam por uma qualquer representação, dizia:
Você sabe que eu não represento a ponta de um corno.
Ava, mito e
magia, mas nunca acreditou no seu talento.
Se eu soubesse representar tudo seria diferente… mas
tive o azar de ter esta cara fotogénica, disse a Henry King durante as filmagens de As Neves de Kilimanjaro.
Mas diferente
para quê?
Veja-se o que se
passa em A Condessa Descalça em Pandora, em Mogambo, em
Noites de Iguana e não digam que isso não é cinema.
O cinema,
no dizer de Jean Renoir, é a arte de pôr mulheres bonitas a fazer coisas
bonitas.
No dia 20 de
Outubro de 1953, as relações públicas da MGM anunciavam que, apesar de
todas as esforços de reconciliação, o casamento entre Ava Frank chegara ao fim,
mas o divórcio apenas se concluiu em 1956.
O crítico George
Simon escreveu que Frank Sinatra produziu alguns dos seus mais emocionantes
discos enquanto esteve com Ava Gardner.
Como os antigos
cantores de blues, Frank despejava a sua alma, fazendo as suas baladas
parecerem hinos ao remorso.
Segundo o
orquestrador Nelson Riddle foi Ava Gardner quem conseguiu isso, ensinou-o a
canta as canções de amor infeliz. Foi assim que ele aprendeu.
Ela foi o maior amor da vida dele e tinha-a perdido.
A alguém
perguntaram se tinha animais em casa.
O alguém sorriu e
disse que sim: na parede tinha um post de Ava Gardner, o mais belo animal do
mundo.
Nasceu, na véspera
de Natal do ano de 1922, o pai era trabalhador numa plantação de tabaco em
Grabtown, Smithfield, Carolina do Norte.
Um oportuno
capricho de Mr. Santa Claus, uma bela prenda de Natal oferecida aos homens, os
de boa e os de má vontade.
Morreu, apos uma
longuíssima agonia, aos 67 anos, completamente destroçada pela bebida.
Um mulher dominada pela fatalidade, disse George Cukor.
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