Quando os
herdeiros de José Saramago entenderam cessar o seu trabalho de edição com a
Leya aceitei de bom grado a decisão. A Caminho, juntamente com
outras editoras, foi engolida por esse saco de gatos que é a Leya, cujos
proprietários estão mais interessados em ouvir – se ainda as houvesse -, as
caixas registadoras a tilintar, do que ter o gosto e amor pelos livros e os seus
autores.
A Caminho
sempre foi a editora de José Saramago, se perdeu a sua identidade, não havia
justificação para continuar a ligação.
A passagem da
edição dos livros de Saramago para a Porto Editora, se bem que seja,
também um grupo em que existem contornos semelhantes aos da Leya, possui
a vantagem de, à frente da parte editorial, ter um homem que gosta de livros e
respeita os autores – o poeta Manuel Alberto Valente.
Agora soube-se
que os herdeiros de José Saramago, prescindiram dos serviços da Agência Literária
Merlin que, durante 28 anos, foi representante dos direitos internacionais
da obra de José Saramago, e entregaram a representação a uma outra
agência.
Nicole Witt, em
comunicado enviado à Lusa diz que muito antes da sua consagração com o
prémio Nobel da Literatura, em 1998, já a agência tinha conseguido uma lista
significativa de traduções da obra de Saramago, primeiro, sob a direcção de
Ray-Güde Mertin, que durante muitos anos também foi a tradutora para alemão da
obra do autor.
Com a equipa da
agência, descreveu Nicole Witt, sempre nos entregámos com dedicação,
atenção pessoal, convicção, profissionalismo, ética e integridade moral à nossa
tarefa de divulgação da obra de José Saramago pelo mundo fora. Não tenho
dúvidas de que esta postura foi especialmente apreciada pelo autor. Quando me
despedi de José Saramago, em Junho de 2010, em Lanzarote, pouco antes do seu
falecimento, senti que ele confiava no nosso trabalho e que estava satisfeito
com os resultados obtidos: uma divulgação da sua obra em mais de 60 países, em
editoras excelentes, fazendo parte da melhor literatura mundial.
Nicole Witt não
entende a decisão dos herdeiros de José Saramago.
Se alguma razão
existe, não a conheço.
José Saramago,
que pautou os seus dias pela lealdade nas relações comerciais, - e não só! –
provavelmente, não apoiaria.
Tendo por estes
dias, a remexer em papéis e livros do Luiz Pacheco, encontrei este pedaço de
uma entrevista dada, em Julho de 1996, a Paula Moura Pinheiro:
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