sábado, 7 de junho de 2025

OLHAR AS CAPAS


Os Filhos de Monte Gordo

José Carlos Barros

Capa: Inês Sena

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Lisboa, Fevereiro de 2025

É difícil, hoje, uns 250 anos depois, com os turistas a deambular na baixa-mar, deitados ao sol ou resguardados por palhotas, mergulhando na ondulação do levante ou nas águas paradas da baía, cobrindo a quase totalidade dos areais que vão de Cacela à foz do Guadiana, sentados nas esplanadas passeando nos passadiços sobrelevados, comprando bolas de Berlim ou jogando à raquetes, imaginar esse tempo, na segunda metade do século XVIII, em que havia mais de 3 mil homens envolvidos directamente na pesca (quase tantos como a população total de Monte Gordo na actualidade), umas 5 a 8 mil pessoas a viverem nestes areais durante a quase metade da safra da sardinha, em cabanas de estorno, mas já então com uma igreja de pedra e cal no monte de areia mais elevado, o monte gordo da zona central do aglomerado, a unir em identidade, pela devoção mariana, esta comunidade formada por gente de tão desencontradas geografia e culturas.

Sem comentários: