Tirámos da
estante, Poemas de Reinaldo Ferreira que é o nº 21 da Colecção Poetas de Hoje.
Curiosamente
este livro de Reinaldo Ferreira contém um prefácio de José Régio e um Posfácio,
sem indicação de autor mas com uma Nota dos Editores: «Ete texto apareceu na 1ª
edição dos Poemas de Reinaldo Ferreira com o título de «Introdução».
Reinaldo Ferreira nasceu em Barcelona em 20 de Março de 1922, filho de Reinaldo Ferreira, mais conhecido por Repórter X, e morreu em Lourenço Marques, vitimado por um cancro de pulmão, 30 de Junho de 1959.
Viveu toda a
sua vida em Moçambique, publica poemas em jornais locais, adapta para a rádio
peças de teatro, colabora no teatro de revista, faz versos para canções onde se destaca Uma
Casa Portuguesa, cantada por Amália Rodrigues, largamente aproveitada pela
ditadura, símbolo do miserabilismo português, a alegria da pobreza, numa casa
portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa e se alguém bate à porta senta-se
à mesa, fome passa-se mas há fartura de carinho, um cheirinho a alecrim e são
letra de Reinaldo Ferreira as canções, popularizadas por João Maria Tudela:
Kanimambo e Piripiri.
A par desta
maneira de escrever versos para canções, uma parca possibilidade de enfrentar
as dificuldades económicas da vida, há que realçar o poema Menina dos Olhos
Tristes, cantada por Adriano Correia de Oliveira e José Afonso e aí a
ditadura não achou piada alguma e proibiu a sua divulgação – Menina dos
olhos tristes, o que tanto a faz chorar?, o soldadinho não volta do outro lado
do mar.
Tem sido um
poeta esquecido, ignorado, com uma obra, dispersa em papéis vários, ainda não
completamente estudada.
Alguma vez o
será?
«Ai de mim!
Que não pedi para nascer
E sou forçado a viver!»

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