sábado, 7 de junho de 2025

POEMAS AUTOGRAFADOS


 

Tirámos da estante, Poemas de Reinaldo Ferreira que é o nº 21 da Colecção Poetas de Hoje.

Curiosamente este livro de Reinaldo Ferreira contém um prefácio de José Régio e um Posfácio, sem indicação de autor mas com uma Nota dos Editores: «Ete texto apareceu na 1ª edição dos Poemas de Reinaldo Ferreira com o título de «Introdução».

Reinaldo Ferreira nasceu em Barcelona em 20 de Março de 1922, filho de Reinaldo Ferreira, mais conhecido por Repórter X, e morreu em Lourenço Marques, vitimado por um cancro de pulmão, 30 de Junho de 1959.

Viveu toda a sua vida em Moçambique, publica poemas em jornais locais, adapta para a rádio peças de teatro, colabora no teatro de revista, faz versos para canções onde se destaca Uma Casa Portuguesa, cantada por Amália Rodrigues, largamente aproveitada pela ditadura, símbolo do miserabilismo português, a alegria da pobreza, numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa e se alguém bate à porta senta-se à mesa, fome passa-se mas há fartura de carinho, um cheirinho a alecrim e são letra de Reinaldo Ferreira as canções, popularizadas por João Maria Tudela: Kanimambo e Piripiri.

A par desta maneira de escrever versos para canções, uma parca possibilidade de enfrentar as dificuldades económicas da vida, há que realçar o poema Menina dos Olhos Tristes, cantada por Adriano Correia de Oliveira e José Afonso e aí a ditadura não achou piada alguma e proibiu a sua divulgação – Menina dos olhos tristes, o que tanto a faz chorar?, o soldadinho não volta do outro lado do mar.

Tem sido um poeta esquecido, ignorado, com uma obra, dispersa em papéis vários, ainda não completamente estudada.

Alguma vez o será?

«Ai de mim!

Que não pedi para nascer

E sou forçado a viver!»

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