Um dos grandes gozos de escrever uma canção é que não
se trata de uma experiência intelectual. Podes recorrer ao cérebro aqui ou ali,
mas o mais importante é capturar momentos. O Jim Dickinson, que descanse em paz
– morreu a 15 de Agosto de 2009, enquanto eu escrevia este livro – voltará mais
tarde para vos dizer «sobre» o que era Wild Horses, já que eu não sei dizer.
Nunca escrevi uma canção como quem escreve um diário, embora hoje, ao olhar
apara trás, possa reconhecer que não tenha estado assim tão longe disso.
O que é que leva alguém a querer escrever canções? De certo
modo, uma vontade de chegar ao coração das pessoas, de ganhar raízes nele. Ou,
pelo menos, de obter dele uma ressonância: é lá que as pessoas se tornam um
instrumento muito mais potente do que qualquer guitarra. Tocar as pessoas
torna-se quase uma obsessão. Escrever uma canção que é lembrada e acarinhada é
uma ligação, um encontro preciosos. Uma espécie de fio que nos liga a todos.
Uma facada no coração. Às vezes, penso que uma canção é uma tentativa de
apertar um coração o mais possível sem provocar um ataque cardíaco.
Keith Richards
em Life
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