terça-feira, 15 de maio de 2012

CARLOS FUENTES (1928-2012)


Aos 83 anos, morreu hoje na Cidade do México o escritor mexicano Carlos Fuentes.

Nos últimos dias a morte tem invadido os corredores da casa, e levado quem tanto  nos ajudou a olhar a vida, a olhar as gentes, a olhar o mundo: Antonio Tabucchi, Fernando Lopes, Miguel Portas Bernardo Sassetti, agora Carlos Fuentes.

É de arrepiar.

O impacto dos seus primeiros romances -projetaram-no como um dos principais actores da literatura latino-americana.
À semelhança de outros intelectuais seus contemporâneos, de Gabriel García Márquez a Mario Vargas Llosa ou Julio Cortázar, Fuentes nunca pôs de lado o compromisso político e social.

Carlos Fuentes foi o mais ‘infeliz’ dos três grandes nomes do 'boom' da literatura latino-americana: Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e ele”,
diz Manuel Alberto Valente, seu editor em Portugal.

Só que os outros dois ganharam o Prémio Nobel. Do Fuentes falava-se sempre que podia ser um candidato ao Nobel mas infelizmente não o teve. Manuel Valente lembra que, também em termos de vendas, foi sempre um autor menos lido do que os outros, Márquez e Llosa. “Pelo menos em Portugal nunca teve um grande sucesso de público. Mas é um autor extremamente importante e o facto de ter tido sempre menos sucesso que os outros dois pode explicar-se por ser o mais político dos três. A obra dele é muito o espelho do México e das suas vicissitudes políticas. É um autor muito marcado ideologicamente e isso talvez tenha contribuído para que não tenha sido um autor tão popular. Mas é indiscutivelmente um dos grandes nomes da literatura latino-americana e da literatura mundial.Em 1955, fundou com Octávio Paz e Emmanuel Carballo, a Revista Mexicana de Literatura. Era um homem de esquerda, membro do Partido Comunista, próximo de Fidel Castro antes de se afastar depois da prisão (1971) do poeta cubano Ernesto Padilla.

Num ensaio da revista Tiempo Mexicano, de 1972, escreveu: O que um escritor pode fazer politicamente deve fazê-lo também como cidadão. Num país como o nosso, o escritor, o intelectual, não pode alhear-se da luta pela mudança política que, em última instância, supõe também uma transformação cultural.

Fonte: jornal Público.

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