sábado, 5 de maio de 2012

QUOTIDIANOS


Em alguns dos domingos dos anos 60/70 tínhamos um ritual: apanhar o vai-vem do cacilheiro, e ir a Cacilhas comer berbigões.

Ainda há cacilheiros, já não há berbigões como os daqueles tempos, agora são uns berlindes e apenas casca.

Miolo?

Zero!

Mesmo que queiramos atravessar a rio, há que contar os cêntimos.

O Damião, meu vizinho de cima, juntamente com o Expresso do dia 14 de Abril, deixou-me um suplemento especial: Férias e Viagens.

Percorro as atractivas fotografias, os inesperados e belíssimos itinerários.

Sim, planear férias.

Por sinal, o começo do editorial do Diário de Notícias de hoje, rezava assim:

Nos últimos seis meses, a vida não parou de agravar-se para um número considerável de portugueses. E as perspetivas de futuro, para muitos mais: o desemprego alastra; a cobertura, em montante e em tempo, do seguro de desemprego - vulgo, subsídio - diminui a olhos vistos; o incumprimento de pagamentos está a tornar-se epidémico; o desânimo e a falta de verbas afundam o consumo e o investimento; as sopas dos empobrecidos, o apoio aos sobreendividados e insolventes, a multiplicação dos gestos de solidariedade iluminam um dia a dia de carências e desalentos agravados. Esta realidade, à vista de todos, pesa no estado de alma dos portugueses que, em grande número, se interrogam quanto ao sentido e o fim de tudo isto.

Como dizia o Manuel da Fonseca, quando chega domingo faço tenção de todas as coisas mais belas que um homem pode fazer na vida.

Pode ser que se contem os cêntimos, pode ser que os passos deslizem para a beira-rio,
pode ser que o vai-e-vem do cacilheiro nos leve até à outra margem e fiquemos a olhar a cidade…

Pode ser… sim, pode ser…

2 comentários:

Anónimo disse...

O que já não pode ser, é aquele
gostinho a mar que o berbigão
tinha...tão bom.
M.Júlia

Sammy, o paquete disse...

Sim, Maria Júlia, sabores e cheiros que nos acompanham por uma vida. Só deles sabe quem os sentiu.
Um abraço