quarta-feira, 9 de maio de 2012

POSTAIS SEM SELO


Falava com ironia no olhar e, de vez em quando, cortava repentinamente o discurso com os dentes, como se fosse uma linha. Os homens permaneciam em silêncio. O vento acariciava os vidros das janelas, fazia sussurrar a palha do telhado, assobiava baixinho na chaminé. Um cão uivava. E, de vez em quando, como que sem vontade, pingos de chuva batiam na janela. A chama do candeeiro tremeu, tornou-se mortiça, mas um instante depois voltou a brilhar, viva e igual.

Máximo Gorki em A Mãe

Colaboração de Sara Calisto

Legenda: não foi possível localizar o autor/origem da fotografia.

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