quarta-feira, 16 de abril de 2025

DISTO, DAQUILO E DAQUELOUTRO


 O tempo em que pelo Chiado passeavam escritores, músicos, pintores, políticos, médicos, advogados.

Frequentavam os cafés, as livrarias.

Eram o Chiado.

Aquilino Ribeiro, pelas tardes, bebia café na Brasileira, ficava à conversa na Livraria Bertrand, seu único editor, depois seguia para o consultório do médico Pulido Valente. Assim ficou conhecida a tertúlia que, todas as tardes, reunia no consultório de Pulido Valente, ao Chiado, e retratado no quadro de Abel Manta que acima se reproduz. Trata-se de uma tela de grandes dimensões, na qual estão representadas 12 figuras do nosso meio intelectual que, no final da tarde, se reuniam para discutir e conversar sobre temas diversos, desde a actualidade política aos problemas filosóficos e da cultura. A tertúlia do consultório acabou quando Francisco Pulido Valente deixou de fazer clínica, mas as suas ligações com alguns dos seus membros, como Manuel Mendes, Lopes Graça, Aquilino Ribeiro e Abel Manta, mantiveram-se até ao fim da sua vida em junho de 1963.

Não podia passar sem estes vícios diários.

Numa reunião em que se discutia a futura constituição da Sociedade Portuguesa de Escritores, Aquilino que viria a ser o primeiro presidente, estava presente. Antes Francisco Sousa Tavares e Sophia Mello Breyner Andresen não quiseram tomar parte:

«Não entramos numa sala onde se encontra um regicida.»

Aquilino terá participado?

Há acontecimentos que pertencem aos domínios dos deuses e aos quais os homens não devem ter alcance.

No seu livro de memórias Um Escritor Confessa-se, Aquilino escreve sobre o acontecimento em que de alguma forma esteve envolvido: o regicídio, perpetrado no Terreiro do Paço por Buíça e Alfredo Costa em 01 de Fevereiro de 1908,

Aquilino conheceu estes dois operacionais do atentado e sobre eles escreve, mas em parte alguma do texto chama a si responsabilidades pelo que aconteceu.

Ferreira de Castro, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro.

 Histórias da época:

No confronto Aquilino/Torga, aquele era uma orquestra sinfónica, e este último um tocador de pífaro.

Sobre Ferreira de Castro dizia-se: «Não é um escritor: é um escritório.»

Não havendo consenso na escolha, numa noite de discussão, um boletineiro entregou um telegrama:

«Cinco mil ferroviários apoiam a candidatura de mestre Aquilino».

Aquilino nunca foi militante do Partido Comunista.

Sabe-se que algumas vezes disponibilizou a sua casa na Soutosa, na Beira, para refúgio de clandestinos..

Do Partido eram Alves Redol, Carlos de Oliveira, mais alguns escritores.

Quando, em 1960, Aquilino Ribeiro foi proposto como candidato ao prémio Nobel da Literatura, foi-o, de acordo com o filho, «como uma resposta dos escritores portugueses mais notórios e mais sonantes, porque o regime lhe moveu um processo judicial pela publicação de Quando os Lobos Uivam».

Francisco Vieira de Almeida, José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta e Vergílio Ferreira foram alguns dos escritores que apoiaram a sua candidatura.

Mas as pressões do regime impediram que Aquilino Ribeiro fosse considerado elegível.

1.

Nos últimos três anos, nos centros urbanos,  morreram 757 idosos que viviam sozinhos em casa.

2.

Nos últimos seis anos, saíram mais de seis mil médicos do SNS.

3.

Portugal só produz 19% dos cereais que consome.

4.

«Em Portugal, onde os índices de leitura são muito baixos e longas são as queixas por tão persistente dieta, editam-se, no entanto, cerca de 20.000 livros por ano (contando os que, editados por instituições, se destinam a ofertas ou têm um fim publicitário e não entram no mercado). No Reino Unido editam-se por ano dez vezes mais; e em França o número ultrapassa os 100 mil livros.
Quando hoje se deplora a ausência da crítica e de críticos, quando se lamenta o silêncio, a falta de recepção no espaço público a que os livros estão votados, esquece-se habitualmente que o excesso de livros também tem alguma responsabilidade nesta situação.»

António Guerreiro no Ipsilon

5.

O que está a acontecer na América ultrapassa tudo o que de pior poderíamos pensar que Donald Trump viesse a fazer para o país, para o mundo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pelé era un violín; don Alfredo di Stéfano, la orquesta completa (Helenio Herrera dixit)

Anónimo disse...

La musica es Bach; la pintura es Velazquez; el futbol es don Alfredo di Stefano (Andres Amoros)