O tempo em que pelo Chiado passeavam escritores, músicos, pintores, políticos, médicos, advogados.
Frequentavam
os cafés, as livrarias.
Eram
o Chiado.
Aquilino Ribeiro, pelas tardes, bebia café na Brasileira, ficava à conversa na Livraria Bertrand, seu único editor, depois seguia para o consultório do médico Pulido Valente. Assim ficou conhecida a tertúlia que, todas as tardes, reunia no consultório de Pulido Valente, ao Chiado, e retratado no quadro de Abel Manta que acima se reproduz. Trata-se de uma tela de grandes dimensões, na qual estão representadas 12 figuras do nosso meio intelectual que, no final da tarde, se reuniam para discutir e conversar sobre temas diversos, desde a actualidade política aos problemas filosóficos e da cultura. A tertúlia do consultório acabou quando Francisco Pulido Valente deixou de fazer clínica, mas as suas ligações com alguns dos seus membros, como Manuel Mendes, Lopes Graça, Aquilino Ribeiro e Abel Manta, mantiveram-se até ao fim da sua vida em junho de 1963.
Não
podia passar sem estes vícios diários.
Numa
reunião em que se discutia a futura constituição da Sociedade Portuguesa de
Escritores, Aquilino que viria a ser o primeiro presidente, estava presente.
Antes Francisco Sousa Tavares e Sophia Mello Breyner Andresen não quiseram
tomar parte:
«Não entramos numa sala
onde se encontra um regicida.»
Aquilino
terá participado?
Há
acontecimentos que pertencem aos domínios dos deuses e aos quais os homens não
devem ter alcance.
No
seu livro de memórias Um Escritor Confessa-se, Aquilino escreve sobre o
acontecimento em que de alguma forma esteve envolvido: o regicídio, perpetrado
no Terreiro do Paço por Buíça e Alfredo Costa em 01 de Fevereiro de 1908,
Aquilino
conheceu estes dois operacionais do atentado e sobre eles escreve, mas em parte
alguma do texto chama a si responsabilidades pelo que aconteceu.
Ferreira
de Castro, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro.
Histórias da época:
No
confronto Aquilino/Torga, aquele era uma orquestra sinfónica, e este último um
tocador de pífaro.
Sobre
Ferreira de Castro dizia-se: «Não é um escritor: é um escritório.»
Não
havendo consenso na escolha, numa noite de discussão, um boletineiro entregou
um telegrama:
«Cinco mil ferroviários
apoiam a candidatura de mestre Aquilino».
Aquilino
nunca foi militante do Partido Comunista.
Sabe-se
que algumas vezes disponibilizou a sua casa na Soutosa, na Beira, para refúgio
de clandestinos..
Do
Partido eram Alves Redol, Carlos de Oliveira, mais alguns escritores.
Quando,
em 1960, Aquilino Ribeiro foi proposto como candidato ao prémio Nobel da
Literatura, foi-o, de acordo com o filho, «como uma resposta dos escritores
portugueses mais notórios e mais sonantes, porque o regime lhe moveu um
processo judicial pela publicação de Quando os Lobos Uivam».
Francisco
Vieira de Almeida, José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares
Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mário Soares,
Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta e Vergílio Ferreira
foram alguns dos escritores que apoiaram a sua candidatura.
Mas
as pressões do regime impediram que Aquilino Ribeiro fosse considerado
elegível.
1.
Nos últimos três
anos, nos centros urbanos, morreram 757 idosos que viviam sozinhos em
casa.
2.
Nos últimos seis
anos, saíram mais de seis mil médicos do SNS.
3.
Portugal só
produz 19% dos cereais que consome.
4.
«Em Portugal, onde os índices de leitura são muito
baixos e longas são as queixas por tão persistente dieta, editam-se, no
entanto, cerca de 20.000 livros por ano (contando os que, editados por
instituições, se destinam a ofertas ou têm um fim publicitário e não entram no
mercado). No Reino Unido editam-se por ano dez vezes mais; e em França o número
ultrapassa os 100 mil livros.
Quando hoje se deplora a ausência da crítica e de críticos, quando se lamenta o
silêncio, a falta de recepção no espaço público a que os livros estão votados,
esquece-se habitualmente que o excesso de livros também tem alguma responsabilidade
nesta situação.»
António
Guerreiro no Ipsilon
5.
O que está a acontecer na América ultrapassa tudo o que de pior poderíamos pensar que Donald Trump viesse a fazer para o país, para o mundo.

2 comentários:
Pelé era un violín; don Alfredo di Stéfano, la orquesta completa (Helenio Herrera dixit)
La musica es Bach; la pintura es Velazquez; el futbol es don Alfredo di Stefano (Andres Amoros)
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