Ontem, às voltas com
Mozart e Jorge de Sena, chegaram tempos de silêncio, mas antevia-se a alegria
como um grande grito, a necessidade de lutar para fazer renascer a esperança.
São breves as flores
dum cacto. Quando nascem vêm embrulhadas numa penugem que faria inveja ao papel
de seda, como peças de porcelana fina.
E chegamos ao Messiah,
oratória de Georg Friedich Handel, 51 movimentos divididos em 3 partes que
demoram mais de duas horas.
Por motivos óbvios
focaremos o 44º movimento que determina a Aleluia:
O reino deste mundo
passou a ser do Senhor nosso
E do seu Cristo/ E para sempre o eterno reinará/ Para sempre e sempre/Reis dos
rei/O grande Senhor/Para sempre e sempre Aleluia/E Ele reinará para sempre/Para
sempre e sempre/Aleluia.
ROGO
Não, não rezes por mim.
Nenhum deus me perdoa a humanidade.
Vim sem vontade
E vou desesperado.
Mas assinei a vida que vivi.
Doeu-me o que sofri.
Fui sempre o senhorio do meu fado.
Por isso, quero a morte
que mereço.
A morte natural,
Solitária e maldita
De quem não acredita
Em nenhuma oração
De salvação.
De quem sabe que nunca ressuscita.
Miguel Torga
Legenda: pintura de Claude Monet

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