sábado, 19 de abril de 2025

MÚSICA PELA MANHÃ


Ontem, às voltas com Mozart e Jorge de Sena, chegaram tempos de silêncio, mas antevia-se a alegria como um grande grito, a necessidade de lutar para fazer renascer a esperança.

São breves as flores dum cacto. Quando nascem vêm embrulhadas numa penugem que faria inveja ao papel de seda, como peças de porcelana fina.

E chegamos ao Messiah, oratória de Georg Friedich Handel, 51 movimentos divididos em 3 partes que demoram mais de duas horas.

Por motivos óbvios focaremos  o 44º movimento que determina a Aleluia:

O reino deste mundo passou a ser do Senhor nosso
E do seu Cristo/ E para sempre o eterno reinará/ Para sempre e sempre/Reis dos rei/O grande Senhor/Para sempre e sempre Aleluia/E Ele reinará para sempre/Para sempre e sempre/Aleluia.

 

ROGO

 

Não, não rezes por mim.
Nenhum deus me perdoa a humanidade.
Vim sem vontade
E vou desesperado.
Mas assinei a vida que vivi.
Doeu-me o que sofri.
Fui sempre o senhorio do meu fado.

 

Por isso, quero a morte que mereço.
A morte natural,
Solitária e maldita
De quem não acredita
Em nenhuma oração
De salvação.
De quem sabe que nunca ressuscita.


Miguel Torga

Legenda: pintura de Claude Monet

Sem comentários: