Não sou um leitor atento, disponível, dos livros de Vergílio Ferreira.
Diversas
conversas, muito líquidas, com o Baptista-Bastos no «Expresso-Bar», no Largo da
Trindade, levaram-me a ter uma ideia não muito clara, boa, do autor. Uma vaga
ideia, apenas isso, de lhe ouvir falar de falta de carácter. Não se deve fazer
as coisas assim…mas foi assim que se passou…
Os
livros não os lera. Algum deus disponível nos Olimpos talvez me conceda um leve
perdão.
Vergílio
Ferreira sempre teve a ideia de que os seus pares dele não gostavam.
Baptista-Bastos está à frente desses pares.
Contudo,
o começo de Para Sempre, entrou na longa lista dos meus Começos de
Livros:
« Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de Verão, está quente. Tarde de Agosto. Olho-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino. E uma comoção abrupta – sê calmo. Na aprendizagem serena do silêncio. Nada mais terás que aprender? Nada mais.»
Sempre
que os encontro, guardo os Começos de Livros de que outros autores vão falando.
Fernando Pinto do Amaral, escritor e crítico literário, tem o começo de Para Sempre do Vergílio Ferreira, como um dos seus preferidos:
"Para sempre. Aqui estou."
E
explica:
«Na sua simplicidade
soberana, estas frases (ou esta frase desdobrada em duas) resumem todo o clima
deste livro em que um homem, quase no fim da vida, regressa à casa da sua
infância e aí se confronta com a solidão, com a certeza da morte e com o seu
absurdo. Uma forma como "para sempre" mergulha-nos numa eternidade
suspensa no instante em que a frase é proferida, criando um notável efeito de
repercussão que se mantém ao longo de todo o romance.»

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