sexta-feira, 18 de abril de 2025

COMEÇOS DE LIVROS


 Não sou um leitor atento, disponível, dos livros de Vergílio Ferreira.

Diversas conversas, muito líquidas, com o Baptista-Bastos no «Expresso-Bar», no Largo da Trindade, levaram-me a ter uma ideia não muito clara, boa, do autor. Uma vaga ideia, apenas isso, de lhe ouvir falar de falta de carácter. Não se deve fazer as coisas assim…mas foi assim que se passou…

Os livros não os lera. Algum deus disponível nos Olimpos talvez me conceda um leve perdão.

Vergílio Ferreira sempre teve a ideia de que os seus pares dele não gostavam. Baptista-Bastos está à frente desses pares.

Contudo, o começo de Para Sempre, entrou na longa lista dos meus Começos de Livros:


« Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de Verão, está quente. Tarde de Agosto. Olho-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino. E uma comoção abrupta – sê calmo. Na aprendizagem serena do silêncio. Nada mais terás que aprender? Nada mais.»


Sempre que os encontro, guardo os Começos de Livros de que outros autores vão falando.

Fernando Pinto do Amaral, escritor e crítico literário, tem o começo de Para Sempre do Vergílio Ferreira, como um dos seus preferidos:


"Para sempre. Aqui estou."

E explica:

«Na sua simplicidade soberana, estas frases (ou esta frase desdobrada em duas) resumem todo o clima deste livro em que um homem, quase no fim da vida, regressa à casa da sua infância e aí se confronta com a solidão, com a certeza da morte e com o seu absurdo. Uma forma como "para sempre" mergulha-nos numa eternidade suspensa no instante em que a frase é proferida, criando um notável efeito de repercussão que se mantém ao longo de todo o romance.»

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