sexta-feira, 18 de abril de 2025

REOLHARES


 Definitivamente não sei explicar mas, em tempo de Semana Santa, vêm-me sempre, mas sempre, à memória duas ou três coisas:

 A parede do antigo Cinema Lys, a que estava voltada para a Avenida Almirante Reis, com os grandes cartazes de A Túnica de Henry Koster com o Richard Burton, a Jean Simmons, o Victor Mature.

 A Emissora Nacional a interromper o silêncio radiofónico para transmitir os jogos de Hóquei em Patins do Torneio de Montreux.

 O Carlos Alberto que aparecia de gravata preta.

 Os putos da rua que éramos, perguntavam sempre do porquê, e a resposta também a sabíamos:

- Cristo morreu!

A minha avó apenas respeitava a quinta e a sexta-feira santas  e nesses dias não havia carne para ninguém.

Curiosamente, também não abundava nos outros dias.

 Porque o pequeno mundo caseiro vivia do rol fiado do merceeiro, Francisco de seu nome, estabelecimento na esquina da Castelo Branco Saraiva com a Vila Gadanho.

 

(Em Reolhares vamos publicando textos publicados, nos últimos 15 anos no Cais do Olhar.

1 comentário:

Rui Ornelas disse...

Na rádio só se ouvia música erudita, claro.