A Resistência em Portugal
José Dias Coelho
Prefácio:
Margarida Tengarrinha
Capa: Armando
Alves
Colecção
Situações nº 4
Editorial Inova, Porto, Junho de 1974
O único móvel existente é um «bailique, prateleira de
madeira que serve de cama, muitas vezes nem enxerga nem cobertores. Naquele espaço exíguo de 4
passos por 2, infindavelmente contados, o preso entra numa nova luta – a luta
contra o tempo. Passa as longas noites de insónia esperando a manhã, quantas
vezes temeroso do sono que lhe trará pesadelos – um dos mais frequentes é o de
estar enterrado vivo, ou encerrado num jazigo – para os quais o acordar não é
alívio.
O dia, monótono, solitário, sem ter que ler, é
infindavelmente vazio e para o preencher o preso inventa as mais infantis
maneiras de passar o tempo: brinca com fósforos, com os quais tenta escrever e
desenhar nas paredes, modela bonecos de miolos de pão, joga damas sozinho. Mesmo
estas distracções são reprimidas pelos carcereiros se se apercebem delas.
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