segunda-feira, 21 de abril de 2025

OLHAR AS CAPAS


A Resistência em Portugal

José Dias Coelho

Prefácio: Margarida Tengarrinha

Capa: Armando Alves

Colecção Situações nº 4

Editorial Inova, Porto, Junho de 1974

O único móvel existente é um «bailique, prateleira de madeira que serve de cama, muitas vezes nem enxerga  nem cobertores. Naquele espaço exíguo de 4 passos por 2, infindavelmente contados, o preso entra numa nova luta – a luta contra o tempo. Passa as longas noites de insónia esperando a manhã, quantas vezes temeroso do sono que lhe trará pesadelos – um dos mais frequentes é o de estar enterrado vivo, ou encerrado num jazigo – para os quais o acordar não é alívio.

O dia, monótono, solitário, sem ter que ler, é infindavelmente vazio e para o preencher o preso inventa as mais infantis maneiras de passar o tempo: brinca com fósforos, com os quais tenta escrever e desenhar nas paredes, modela bonecos de miolos de pão, joga damas sozinho. Mesmo estas distracções são reprimidas pelos carcereiros se se apercebem delas.

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