terça-feira, 22 de abril de 2025

OLHAR AS CAPAS


Os Soldados Socialistas de Portugal

Marcio Moreira Alves

Capa: Sebastião Rodrigues

Colecção Século XX-XXI

Iniciativas Editoriais, Lisboa, Dezembro de 1975

Como pôde um exército colonial, ao serviço dum regime fascista e subdesenvolvido, tornar-se um movimento de libertação? De que maneira pôde uma oficialidade, que não recebeu qualquer educação política formal, passar em poucos meses, de uma posição liberal clássica, caminhar para uma opção socializante e, finalmente, escolher o socialismo que definiu, em termos de grande rigor conceptual, como sendo uma «sociedade sem classes obtida pela colectivização, dos meios de produção, eliminando todas as formas de exploração do homem pelo homem.» Qual foi a metamorfose secreta que levou a direcção do Movimento das Forças Armadas, a abandonar o personagem do general Spínola, um pouco caricatural, sem dúvida, com o seu monóculo, as suas luvas e o seu inseparável pingalim de comando, mas também sem dúvida depositário da confiança da Internacional da Direita? Como pôde esta direcção passar progressivamente às mãos de jovens comandos que falam, ao sair do mato, como se lá tivessem descoberto Phroudon e Che Guevara? Até que ponto Portugal, que segue o seu exército para a aventura de uma vida nova, é único? Até que ponto estará Portugal outra vez sozinho no tempo – desta vez no tempo do futuro, como durante tâo longos anos esteve no tempo passado?

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