Tira o Disco e Toca
ao Vivo
João Gobern
Colecção Ensaios da Fundação nº 147
Fundação Manuel dos Santos, Lisboa, Maio de 2025
Vivemos num mundo com música a mais. Pode soar como uma sentença paradoxal, mas são os próprios criadores que a defendem. Não porque as condições de trabalho dos músicos tenham melhorado ao ponto de falarmos de um qualquer excedente – esse fica reservado para outras áreas -, mas em função da forma como é feita a fruição, se não quisermos usar o «consumo». Este é, em múltiplas circunstâncias, involuntário e condicionado. Servem-nos música, normalmente má, repetitiva, estereotipada, em quase todos os momentos da vida, desde as ruas aos estabelecimentos comerciais, da restauração aos elevadores ( e nem todos terão o génio de Brian Eno, que glosou o assunto da «música para aeroportos» em escala superior), dos recintos desportivos às festas populares, com estas a recorrerem aos «enlatados» em vez de promoverem a expressão dos talentos locais-
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