terça-feira, 25 de setembro de 2012

À LUPA


Descobri-o no fim. Descobri-o nas palavras dos outros. Nos títulos que os outros diziam que ele tinha escrito. Nas palavras dos que confessavam o seu amor pelas palavras dele. Por ele. Descobri-o melhor num texto. Escrito noutra língua por outro autor que, entretanto, eu já tinha descoberto. Foi através das suas frases - que tive o privilégio de traduzir para a minha língua - que ele começou a chegar. O seu nome já me tinha acenado. Já o vira, já quase o lera, mas por uma razão ou por outra, a página não se virara.
Comecei com Noturno Indiano. Lido num só dia. Numas horas em que não houve lugar para mais nada, a não ser acompanhar aquele homem que percorre a Índia em busca de um amigo, de si, dos hotéis e dos passos, do passado, do futuro, dos encontros, dos sonhos, de quartos cheios de histórias (e de horas). Um homem que eu descobri. Mesmo que tarde. Neste momento leio Requiem, e deixo-me encantar por mais uma viagem interior, a única escrita diretamente em português. Afirma Pereira chegará a seguir. Já o tenho. Depois quero descobrir A Mulher de Porto Pim. O quarto dos tantos livros possíveis que Antonio Sarabia destacou naquele texto que eu li, que me cativou, e que me parece já tão longínquo. Percorri livrarias, alfarrabistas, nada. Diz-me um amigo que a reedição está para breve. Espero, sinceramente, que sim. Antes que seja tarde.
Francisca Cunha Rego no JL

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