segunda-feira, 17 de setembro de 2012

QUOTIDIANOS


O velho está sentado no banco de jardim, gorro de lã na cabeça, junto às pernas um enorme saco de plástico cheio de coisas que só ele sabe o que são e que as tem como importantes.

Está a olhar, nem sabe bem para onde, a pensar nem sabe o quê.

A entradota dama que passa, mala Louis Vuitton ao ombro, pergunta-lhe se ele necessita de qualquer coisa: uma sandes, um galão.

O velho olhou a dama, tremendamente chateado por lhe interromperem a meditação, no fundo, no fundo, a indómita vontade de dizer à dama para ir dar uma granda volta, ou pior ainda, mas decidiu-se a dizer qualquer coisa:

- Queria um rádio de pilhas para ouvir os relatos da bola!

A dama ainda ficou uns breves instantes a olhar para o velho de gorro de lã na cabeça, sentado no banco de jardim, a olhar para o longe.

 Terá acabado por murmurar para dentro de si mesma, que não vale a pena ter pena desta gente, ingrata até mais não.

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