Wyatt Earp – Mac, já alguma vez estiveste apaixonado?
Mac – Não. Fui taberneiro toda a vida.
Diálogo de A Paixão dos Fortes de John Ford.
Esta cena passa-se no bar de Tromstone, mas não é a cena do diálogo.
Foram infrutíferas as tentativas para encontrar essa cena, a cena em que Earp, mãos em cima do balcão, garrafa de whisky no meio, um candeeiro de petróleo, está face a face com Mac e faz-lhe a pergunta:
Wyatt Earp – Mac, já alguma vez estiveste apaixonado?
Mac – Não. Fui taberneiro toda a vida.
Com A Paixão dos Fortes, John Ford regressou a um seus cenários favoritos: Monument Valley, em plena Reserva dos Indios Navajos, na fronteira do Arizona com o Utah.
Um filme de persistentes silêncios, céus rasgados.
Manuel Cintra Ferreira chamou-lhe a quinta essência do western clássico.
Nenhum filme como este nos dá a sentir o cheiro das flores do deserto e o espírito da música popular nessa sequência única na história do cinema que conduz Wyatt Earp da porta da barbearia ao cimo da colina onde tem lugar o baile. E ninguém soube filmar os bailes como Ford, fazendo de cada movimento um verdadeiro ritual.
Como escreveu Scott Eyman:
Fonda a mover-se com o passo deliberado de uma elegante cegonha.
Fonda a mover-se com o passo deliberado de uma elegante cegonha.
John Ford morreu, de cancro, no dia 31 de Agosto de 1973. Tinha 79 anos.
Uma hora antes de morrer, John Ford gritou:
Alguém tem para aí um charuto?
Deram-lhe um. Fumou-o e apagou-o. Passados alguns momentos morreu.
Pedir um charuto, os seus tão amados charutos que fumava inteiros ou metades cortadas a canivete, terão sido as últimas palavras do homem que fazia westerns, que adorava fazer filmes, mas não gostava de falar deles e, tal como disse a Peter Bogdanivich, o seu filme preferido era sempre o próximo.
Mas na vida, nos filmes de Ford, as histórias tornam-se quase todas lendárias.
Assim como, sempre, ter dito que nasceu num bar da Irlanda.
Assim como, sempre, ter dito que nasceu num bar da Irlanda.
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