segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NOTÍCIAS DA CRISE


Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, depois de ter passado todo o mês de Julho a dizer aos accionistas e clientes do BES, a todos os portugueses, que o banco  detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos e com o primeiro-minstro a banhos na Manta Rota, apareceu ontem em directo nas televisões a dizer que o buracão do BES não era bem como as mentes pensantes, reguladores, governo, Cavaco Silva, mais uns outros, pensavam que era.

Num mero fim se semana encontraram uma saída: O Estado vai injectar 4400 milhões de euros no BES, via Fundo de Resolução. O Banco Espírito Santo muda de nome para Novo Banco. Os outros bancos a operar em Portugal entram com 500 milhões.

Assim uma coisa bem à portuguesa, que não se sabe muito bem como vai correr, mas de uma coisa há já certezas: os do costume é que vão pagar a factura, com ou sem número de contribuinte.

Esta é a crónica de Ferreira Fernandes, hoje, no Diário de Notícias:

É matemático, chegam os dias de torreira de agosto, a capital abafa e esvazia, e das agências de notícias só pingam frivolidades. É a silly season. A bem chamada estação parva, à falta de notícias há que inventá-las. Ontem, o Carlos Costa, o do Banco dos bancos, resolveu dar uma festa surpresa pela madrugada. Mas à banqueiro: pela madrugada quer dizer às 10.30 da noite e festa surpresa que já fora avisada por um paquete na noite anterior. O anfitrião ofereceu-nos um look arrojado, sobrancelhas em tons mate, contrastando com a cabeleira branca, quase à Lagarde. Era uma soirée à thème, o tema da festa era a crise e o salão decorado a preceito: só dois banquinhos. Um, com cartaz simples e elegante, dizendo Good Bank, e outro, despojado, com um post--it, dizendo Bad Bank. Como até na silly season as más notícias é que são as mais populares, passou-se a noite a olhar para o banquinho mau. Este estava dividido em dois: de um lado, um grupo de cavalheiros; do outro, o Tóino da Reboleira, com fato-macaco, de cujo bolso traseiro pendia um pacote de ações. "São quase uma centena!", proclamava o Tóino aos cavalheiros. Estes batiam-lhe nas costas e diziam: O senhor António é que devia ser o chefe disto, o responsável por nós todos! Não quer ser você a falar ao juiz Carlos Alexandre?" O Tóino começou por hesitar mas aceitou. Convenceram-no de que aquilo é que era ir a um aumento de capital."
Num mero fim se semana encontraram uma saída: O Estado vai injectar 4400 milhões de euros no BES, via Fundo de Resolução. O Banco Espírito Santo muda de nome para Novo Banco. Os outros bancos a operar em Portugal entram com 500 milhões.
Assim uma coisa bem à portuguesa que não se sabe muito bem como vai correr, mas de uma coisa há já certezas: os do costume é que vão pagar a factura, com ou sem número de contribuinte.

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