A
campanha para as eleições legislativas do ano de 2002, aproximava-se do seu fim.
Eis senão quando, a esposa do candidato Durão Barroso, Dona Margarida Sousa Uva, inspirada sabe-se lá por quem, chegou-se boca de cena e recitou:
Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...
Desde
essa noite, Alexandre O’ Neill nunca mais recuperou o sossego.
O
candidato, que um dia lera nas estrelas que haveria de ser primeiro-ministro só
não sabia quando, venceu as eleições e, ministerialmente sentado, mandou, como
é costume nestas coisas, às malvas todas as promessas eleitorais que andara a espalhar entre as gentes.
O
país estava de tanga.
E é nesse ponto de situação, que lhe acenam, em 2004,com o lugar de Presidente da Comunidade Europeia.
O
homem, que protagonizara um dos mais lamentáveis episódios da nossa história, a
reunião das Lajes que marcou a ofensiva sobre o Iraque, com os trágicos
resultados à vista de todo o mundo, não hesitou um minuto, e pisgou-se, deixando o país entregue aos bichos.
Grande parte da saloiada local vibrou com o
acontecimento: Portugal tinha finalmente um lugar de destaque na política europeia
e até se dava o caso de assim se poderem mexer uns cordelinhos para ajudar a paróquia.
Mas
nulidade que sempre foi, Barroso revelou-se um perfeito desastre o que, contudo, não impediu
que, em 2004, fosse reconduzido no cargo.
Agora chegou
ao fim do reinado e ei-lo que surge há um ou dois dias, Pedro Passos Coelho-sorridente-ao-lado,
a bolsar que 26 mil milhões de euros era uma pipa de massa aproveitando para mandar calar todos aqueles que para aí andaram a dizer que a União Europeia não é solidária com Portugal.
Lamentável!
O
estranho foi não ter aparecido ninguém para lhe espetar um pano encharcado nas trombas.
País de brandos costumes, povo sereno...
País de brandos costumes, povo sereno...
Consta
que a nulidade que, Dona Uva acredita que é um cherne, pretende candidatar-se à Presidência da República.
Legenda: imagem do Jornal de Notícias
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