Até à vista Angelina
Os sinos da coroa
Estão a ser roubados por bandidos
Tenho de seguir o som
Os ferrinhos tinem
E os trompetes tocam devagar
Até à vista Angelina
O céu está em fogo
E eu tenho de ir-me embora
Não há necessidade de cólera
Não há necessidade de culpa
Não há nada a provar
Tudo está ainda na mesma
Apenas uma mesa que está vazia
Na orla do mar
Até à vista Angelina
O céu está a tremer
E eu tenho de partir
Os valetes e as rainhas
Abandonaram o pátio
Cinquenta e dois ciganos
Desfilam agora perante os guardas
No espaço onde o duque
E o ás antigamente andavam à solta
Até à vista Angelina
O céu está a embrulhar-se
Vejo-te daqui a algum tempo
Vê os piratas vesgos que se sentam
Empoleirados ao sol
A alvejar latas de folha
Com uma espingarda de canos-serrados
E os vizinhos eles batem palmas
E dão vivas a cada disparo
Até à vista Angelina
O céu está a mudar de cor
E eu tenho de sair depressa
King Kong, pequenos gnomos
Nos cumes dos telhados eles dançam
Tangos ao estilo de Valentino
Enquanto as mãos do maquilhador
Cerram s olhos dos mortos
Para não embaraçar ninguém
Até à vista Angelina
O céu está embaraçado
E eu tenho de partir
As metralhadoras estão a troar
Os fantoches içam rochedos
Os demónios pregam bombas relógio
Aos ponteiros dos relógios
Chama-me o nome que quiseres
Eu nunca o negarei
Até à vista Angelina
O céu está em erupção
Tenho de ir para onde está calmo
Bob Dylan
Canção do
álbum Bringing It All Back Home (1965)
Bob Dylan em Canções Volume I (1962-1973)
Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006.
Gostos!
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