Fahrenheit
451
Ray
Bradbury
Tradução:
Mário-Henrique Leiria
Capa:
A. Pedro
Edição
Livros do Brasil, Lisboa Outubro de 1999
-
Isso não impede que os rios continuem a correr e as águas a passar sob essas
pontes.
-
Não a água, o fogo. Já viste uma casa arder? Continua a fumegar durante dias e
dias. Lembrar-me-ei daquele fogo toda a minha vida! Toda a noite, na minha
imaginação, tentei apaga-lo. Estava meio doido.
-.
Devias ter pensado nisso antes de te teres feito bombeiro.
-
Pensar! – disse ele. – Tive, por acaso, possibilidades de escolha? O meu pai e
o meu avô foram bombeiros. À noite, quando sonho, corro atrás deles.
No
salão ouvia-se uma música de dança.
-
Hoje estás de serviço mais cedo – disse Mildred – Devias ter partido há duas
horas. Dei agora mesmo por isso.
-Não
é apenas a morte dessa mulher – continuou Montag. – A noite passada, pensei em
toda a gasolina que tenho espalhado, há dez anos para cá. E pensei nos livros.
E, pela primeira vez, notei que, atrás de cada um desses livros, estava um
homem. Um homem que os tinha concebido. Um homem que tinha passado o seu tempo
a escrevê-los. E, até agora, nunca essa ideia me tinha aparecido. – Saíu da
cama. – Algumas vezes, é necessária toda uma vida a um homem para pôr as suas
ideias por escrito, olhar o mundo e a vida à sua volta; e eu chego e bum! Em
dois minutos tudo se acaba.
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