segunda-feira, 18 de agosto de 2014

É PRECISO MUITO PARA RIR, É PRECISO UM COMBOIO PARA CHORAR


Bem, viajo num comboio-correio, pequena
Não consigo entusiasmar-me
Bem, tenho estado a pé toda a noite, pequena
Encostado ao peitoril da janela
Bem, se eu morrer
No cimo da colina
E se não o conseguir
Sabem que a minha pequena o fará

A lua não tem bom aspecto, mulher
A brilhar por entre as árvores?
O guarda-freios não tem bom aspecto, mulher
Ao fazer com a bandeirola o sinal ao «Double E»? (1)
O sol não tem bom aspecto
Ao descer sobre o mar?
A minha rapariga não parece bem
Quando vem atrás de mim?

Agora está a chegar a invernia
As janelas estão cheias de geada
Fui contar a toda a gente
Mas não consegui ser compreendido
Bem, quero ser o teu amante, pequena
Não quer ser o teu patrão
Mão digas que nunca te avisei
Quando o teu comboio se perder

Bob Dylan

(1)   «Double E» - as opiniões dividem-se e contradizem-se quanto ao significado do termo «double E». Há quem afirme que se tratava duma linha do metropolitano de Nova Iorque (nos anos 60,, passando perto de Greenwich Village e hoje renomeada de outro modo) e quem diga que a referência é feita às grandes locomotivas Double E, os maiores comboios das linhas norte-americanas. (N. dos T,)

Canção do álbum Highway 61 Revited (1965)

Bob Dylan em Canções Volume I (1962-1973) Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006.

Legenda: imagem do filme Sweet and Lowdown de Woody Allen (1999).

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