quarta-feira, 27 de agosto de 2014

E DEPOIS?


1 de Janeiro de 1946
Também este ano acabou. As colinas, Turim, Roma. Esgotaste quatro mulheres, publicaste um livro, escreveste belos poemas, descobriste uma nova forma que sintetiza numerosos filões (o diálogo de Circe). És feliz? Sim, és feliz. Tens força, tens génio, tens que fazer. Estás só.
Neste ano, roçaste o suicídio por duas vezes. Todos te admiram, todos te cumprimentam, bailam em volta de ti. E depois?
Nunca lutaste, lembras-te. Nunca lutarás. Tens importância para alguém?

Cesare Pavese em Ofício de Viver.

Na imagem, Constance Dowling, a última paixão de Cesare Pavese.

Por ela, Pavese suicidou-se.

Virá a morte e terá os teus olhos.

Pavese, em Março de 1938:

Nunca, a ninguém, falta ma boa razão para se matar.

Quando Soube da sua morte, Constance comentou: Eu não sabia que ele era um escritor famoso.

Tão compreensíveis as últimas palavras escritas por Pavese:

Um imenso fastio de tudo.

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