quinta-feira, 28 de agosto de 2014

QUOTIDIANOS


Estava em minha casa, ou seja, em lado nenhum. Levava o meu sorriso, as minhas palavras para cada refeição, como o cortador entregava cada manhã a carne, à frente da vedação do jardim. Falávamos sobre a estação, a colheita da fruta, os acontecimentos do dia – mais uma pessoa que se tinha afogado! – e sobre o custo de vida. Estávamos em Agosto, começavam-se a fazer os preparativos para o outono. Estava calor e o meu pai cortava já madeira para o inverno. Andavam sempre à frente do tempo e eu atrás, o que representava muitos silêncios a eliminar nas nossas relações.

Pierre Kyria em A Morte Branca


Legenda: pintura de Jean-François Millet

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