quarta-feira, 20 de agosto de 2014

OLHAR AS CAPAS


Life

Keith Richards com James Fox
Tradução: José Luís Costa
Cavalo de Ferro Editores, Lisboa, Outubro de 2011

Que raio teríamos nós na cabeça quando parámos para almoçar no restaurante 4-Dice em Fordyce, Arkansas, no fim-de-semana do Dia da Independência? E mesmo que fosse noutro dia qualquer, dada a minha experiência de dez anos a conduzir nos recantos mais conservadores da América… Fordyce não passava de uma cidadezinha, Os Rolling Stones estavam na ementa da polícia, de uma ponta a outra do país. Não havia chui que não quisesse pôr-nos as mãos em cima, desse lá por desse: era promoção garantida, e limpar a América desses inglesitos abichanados tinha-se tornado para a bófia uma missão patriótica. Corria o ano de 1975, tempos violentos e de confronto aberto. A época de caça aos Stones abrira oficialmente em 1972, ano da nossa última digressão ao país, a famosa STP – Stones Touring Party. O Departamento de Estado registou então a ocorrência de motins (verdade verdadinha), casos de desobediência civil (idem idem, aspas aspas), sexo ilícito (seja lá o que isso for) e episódios de violência em todo o território da nação. E tudo culpa nossa, meros trovadores, Tínhamos instigado a juventude à rebelião, corrompíamos a América e decidiram que nunca mais nos deixariam percorrer os Estados Unidos. Era uma questão política séria nos tempos do Nixon, que já tinha recorrido pessoalmente aos seus capangas e truques sujos contra John Lennon, quando temeu que ele lhe pudesse custar uma eleição. A nós coube-nos o rótulo de banda de rock and roll mais perigosa do planeta, o que foi oficialmente comunicado ao nosso advogado.

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