Os homens aos quarenta
aprendem a fechar muito devagar
as portas dos quartos a que
não regressam.
Descansam no patamar das escadas
e sentem que elas se movem
como o convés de um navio,
embora quase não sopre um vento.
Vislumbram
ao fundo de um espelho
o rosto do rapaz que em segredo tenta
fazer a gravata do pai.
E o rosto desse pai
ainda quente com o mistério da espuma.
Agora eles mesmos já são mais pais do que
filhos.
Alguma coisa os preenche, algo
que se parece com o som dos grilos
ao crepúsculo, imenso,
enchendo os bosques que ficam aos pés da
ladeira
e detrás das casas hipotecadas.
as portas dos quartos a que
não regressam.
Descansam no patamar das escadas
e sentem que elas se movem
como o convés de um navio,
embora quase não sopre um vento.
Vislumbram
ao fundo de um espelho
o rosto do rapaz que em segredo tenta
fazer a gravata do pai.
E o rosto desse pai
ainda quente com o mistério da espuma.
Agora eles mesmos já são mais pais do que
filhos.
Alguma coisa os preenche, algo
que se parece com o som dos grilos
ao crepúsculo, imenso,
enchendo os bosques que ficam aos pés da
ladeira
e detrás das casas hipotecadas.
Pedro Mexia,
poema do livro Uma Vez Que Tudo Se Perdeu, colocado por Nicolau Santos
na sua coluna no suplemento de Economia do Expresso, 28 de Novembro de
2015.
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