Júlio Pomar
nasceu há 90 anos.
Como toda a gente, sou um bicho carregado de memória.
Mas não tenho memória prática – não sei um único número de telefone, perco-me
nas ruas, esqueço os detalhes das conversas ou das casas. Mesmo nos retratos
que faço de cor: as coisas entram, são caldeadas e o que fica é mais um
sentido, uma alusão a, do que uma soma de pormenores. W quando faço passar o
modelo, o trabalho mais excitante começa no momento em que sinto a necessidade
de apagar, ir desfazer a imagem registada no papel, para deixar agir um
poder-elaborante, não directamente consciente.
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