domingo, 31 de julho de 2016

O SONHO DE TER UM CAFÉ


Estico as pernas e observo o Zak a realizar as suas tarefas matinais. Ele não podia adivinhar que em tempos eu tinha tido o sonho de ter um café. Suponho que terá começado quando li sobre a vida boémia da geração Beat, os surrealistas e os poetas simbolistas franceses. Não havia cafés no sítio onde eu cresci mas existiam nos meus livros e povoavam os meus devaneios. Em 1965 eu tinha vindo de South Jersey para a cidade de Nova Iorque apenas para passear e dar umas voltas e nada me parecia mais romântico do que estar calmamente sentada n escrever poesia num café de Greenwich Village. Acabei por arranjar coragem para entrar no Caffè Dante, na Rua MacDogal. Como não tinha dinheiro para uma refeição, bebi apenas um café, mas ninguém pareceu ligar a isso. As paredes estavam cobertas com murais pintados da cidade de Florença e com cenas de A Divina Comédia. Ainda hoje existem, descoloridas por décadas de fumo dos cigarros.

Patti Smith em M Train

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