A crónica de Manuele António Pina no Jornal de Notícias de hoje:
Estes são tempos, como os de Drummond,"de homens cortados ao meio", em que nem no princípio da realidade se pode confiar. Quatro meses depois, contra todas as evidências e todas as garantias eleitorais de Passos Coelho ("Passados cinco meses, o Governo [de Sócrates] limitou-se a aumentar impostos (...) Sempre o mais fácil (...) Que não matemos o doente com a cura"), descobrimos que, afinal, nada mudou: funcionários públicos, reformados, pensionistas e pobres que paguem a crise ("Não podemos pôr os reformados e pensionistas a pagar [a crise]" e "Estes que hoje [nos idos de Sócrates] sofrem, estes que não se sabem defender, encontrarão sempre em mim e num futuro Governo do PSD um aliado amigo", porque "do que o país precisa, para superar a crise, não é de mais austeridade").
Justifica-se, assim, que Cavaco Silva também não tenha mudado "a [sua] opinião" e tenha ontem falado, a propósito da proposta de OE para 2012, de "injusta repartição de sacrifícios" e de "[violação de] princípios básicos como a equidade fiscal" que "põe em causa a coesão nacional", explicando ao ministro das Finanças o que vem nos "livros" que deveria ter lido: que "é sabido por todos os que estudam esses livros que cortar vencimentos, ou pensões, a grupos específicos é um imposto".
Temos, pelos vistos, um cábula a ministro das Finanças. Embora sejam os portugueses quem, quatro meses depois, deve enfiar as orelhas de burro.
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