Eram seis da tarde em Barcelona, meia-noite em Banguecoque, quando o coração de Manuel Vásquez Montalbán, deixou de bater.
À boa maneira policial morreu, num terminal do aeroporto, a aguardar uma ligação para Barcelona, onde esperava chegar a horas a Nou Camp para ver o seu Barcelona jogar com o Deportivo da Coruña.
O Barça, uma das suas muitas paixões, amante da boa vida, da boa mesa, da beleza das mulheres, que transportou todos os gostos e vícios para Pepe de Carvalho, um detective privado galego, a viver em Barcelona, que queimava livros para acender a lareira, os livros não são a vida, por mais que gostássemos que fossem, que sabia que quando uma mulher lhe chamava rico mio de imediato o enrolaria num tapete, porque é bom cair nos braços de uma mulher, mas melhor seria não ficar amarrado, não se morre de desejo mas não se regressa igual um Pepe de Carvalho para o cliente que lhe dizia que se ia matar. “será uma pena. Não evito suicídios. Só os investigo.
Inexcedível gourmet, ex-comunista, duvida meu filho, da tua própria dúvida, desiludido com os caminhos que a esquerda passou a percorrer, passava ao lado dos clichés e, politicamente nada lhe corria como sonhara:
A esquerda centrada e centrista representada pela tendência dominante do PSOE, ajudou-me muito a reflectir sobre o papel do centro, De facto, não é outra coisa senão o maior buraco negro da história.
18 de Outubro de 2003
18 de Outubro de 2003
Sentado num terminal de aeroporto, a morte visitou-o, no momento em que, certamente, olhava o vazio, a memorizar mais uma das aídas para Pepe de Carvalho:
- Como vai o negócio?
-Mal. Há uma concorrência tramada. Com isso da crise económica, até as freiras se puseram a foder.
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