domingo, 24 de junho de 2012

E FICOU ACENANDO


Juliette passou-lhe os braços em torno do pescoço e beijou-o em ambas as faces. Depois na testa, na boca, quase ritualmente. Francisco saltou para o estribo do comboio. “Que parta, que parta depressa!” Antes das palavras, antes de o sorriso dela se desmanchar…
Juliette deu ainda uns passos, quando a locomotiva se pôs em marcha, e ficou acenando, com um piedoso sorriso, fora do tempo – estampada em eternidade.

Urbano Tavares Rodrigues em Vida Perigosa, Livraria Bertrand, Lisboa 1955.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

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