segunda-feira, 18 de junho de 2012

QUOTIDIANOS


Depois de ter sido vaiado pelo povo da Póvoa do Varzim, Sua Excelência, chegado a casa, em seu nome e em nome dos Portugueses, felicitou a selecção de futebol pela sua passagem aos quartos do Euro, e dando os parabéns aos jogadores, disse querer felicitá-los, acima de tudo,  por terem acreditado que era possível estar à altura das expetativas dos Portugueses.

Os portugueses esperavam que Sua Excelência estivesse virado para outras expectativas dos portugueses, aquelas que realmente importam.

Mas Sua Excelência nunca gostou de estar virado para esse lado e, hoje, com o país ainda em festa, promulgou as alterações ao Código do Trabalho, exortando a que, a partir de agora, se assegure a estabilidade legislativa com vista à recuperação do investimento, criação de emprego e relançamento sustentado da economia.

Sua Excelência, à mesa com os rapazes da sua casa civil diz que não foram identificados indícios claros de inconstitucionalidade que justificassem a intervenção do Tribunal Constitucional, chamando a atenção para o facto ter tido presente os compromissos assumidos por Portugal junto das instituições internacionais e lembrando que o diploma foi aprovado na Assembleia da República com os votos favoráveis da maioria de Governo, do PSD e do CDS, com a abstenção do PS, tendo votado contra apenas 15% dos deputados.

Manuel Carvalho da Silva no Jornal de Notícias:

Mais uma vez, de forma ignóbil, o direito do trabalho está no banco dos réus. A proposta de lei relativa à revisão das leis laborais, que se encontra no presidente da República para promulgação, vem de novo, com total ausência de provas e com falaciosos argumentos, responsabilizar o direito do trabalho e os conteúdos concretos dos já parcos direitos dos trabalhadores pelos problemas com que se depara a economia e o país.

É injusto e indigno colocar os trabalhadores, o conjunto dos que prestam trabalho subordinado nas mais diversas formas, os reformados e aqueles a quem é roubado o direito ao trabalho, como responsáveis da crise e a serem grandes pagadores das faturas. É isso que faz o Governo PSD/CDS em várias áreas em particular com a revisão da legislação laboral. Essa revisão visa também matar a esperança de salários dignos e estabilidade laboral para os mais jovens.

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