1.
A Alexandra Alpha, citada por José Cardoso Pires, tinha razão: isto não é um país é um sítio mal frequentado.
António Borges, o ministro mistério, que também acumula com um lugarzinho no conselho de administração da Jerónimo Martins, disse, há dias, que a diminuição de salários não é uma política, é uma urgência, uma emergência.
Afirmou também que os salários dos portugueses aumentaram de uma forma brutal e irresponsável.
Quando saíu do Goldman Sachs, invocou as habituais razões pessoais.
Marc Roche, um jornalista económico, diz que ele saíu por incompetência.
Este jornalista veio a Lisboa apresentar o seu livro O Banco - como o Goldman Sachs dirige o mundo, e espantou-se com o ordenado que António Borges presentemente aufere.
O FMI disse-me que se livraram de António Borges porque não estava à altura do trabalho e agora chego a Lisboa e descubro que está à frente do processo de privatizações. Há perguntas que têm de ser feitas.
De uma crónica de Ana Sá Lopes no I-online:
O caso de António Borges assume foros de escândalo e mina a credibilidade do governo para o qual foi contratado como uma espécie de ministro em outsourcing. Equiparado a funcionário do FMI, Borges ganhou em 2011 – segundo revelou ontem o Correio da Manhã – 225 mil euros livres de impostos. Passos Coelho chamou-o para tratar da pasta das privatizações, uma tarefa que deveria caber a um ministro. Escapando a esse estatuto, António Borges pode continuar a gozar das regalias das acumulações de funções privadas, lançando um anátema de suspeita sobre um processo já de si polémico o suficiente para precisar de mais minas no campo.
Na semana passada, António Borges insultou todos os portugueses que, ao contrário dele próprio, pagam impostos em Portugal, sustentam os funcionários que o governo decide contratar, e vêem os seus salários reduzidos pelo cumprimento acrítico de um programa da troika que está a promover de forma galopante o desemprego para alegada surpresa do grande técnico Vítor Gaspar.
Ao dizer, em entrevista à Económico TV, que “baixar salários não é uma política, mas uma urgência”, António Borges assumiu uma política em todo o seu esplendor – a política da destruição a curto prazo da economia que o governo diz não querer, embora faça tudo o que está ao seu alcance para a prosseguir. Afinal, se Pedro Passos Coelho não partilhasse a visão de António Borges já o teria demitido de funções. E se temesse os riscos da promiscuidade entre Estado e interesses privados, nunca o teria nomeado em regime de outsourcing.
2.
Mais uma novela sem fim à vista.
Três semanas depois da polémica com o ministro Relvas, a jornalista Maria José Oliveira despediu-se do jornal Público.
A forma como o processo foi gerido fez-me perder toda a confiança na direcção e achei que não tinha condições nem vontade para continuar no jornal.
A direcção do Publico inda não comentou a saída da jornalista.
Há dias demitira-se o Conselho de Redacção do jornal.
Adelino Cunha, assessor de Miguel Relvas, também pediu a demissão.
O professor Marcelo disse que Relvas terá que sair pelo seu próprio pé.
Como a vergonha desta gente não tem limites, não se esta a ver muito bem como isso vai acontecer.
3.
O ministro das Finanças revelou que a troika considerou, na sua quarta avaliação trimestral, que Portugal está a cumprir o seu programa de ajustamento.
Portugal cumpriu todos os critérios quantitativos e objectivos estruturais do quarto exame..
O país recebe assim a quinta parcela do empréstimo da troika, no montante de 4,1 mil milhões de euros.
Acreditamos que estamos no bom caminho para cumprir a meta dos 4,5 % do défice.
4.
Não restam dúvidas de que a nacionalização do Banco Português de Negócios será paga pelos contribuintes.
O valor total da factura ainda se desconhece, mas as previsões apontam para qualquer coisa como 2700 milhões de euros.
Feitas as contas, a nacionalização do BPN vai custar, no mínimo, cerca de 250 euros a cada português.
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