“Oh estrada onde tens estado!? Partilhamos em silêncio quantas horas, quantos minutos, quantos segundos? Olho-te de cima e tu a mim de baixo. Tenho-te admirado, não pela beleza da tua tez escura, da suavidade ou agressividade da tua pele, do risco ao lado ou ao meio ou dos lados e ao meio, ou sem qualquer risco com que te apresentas para minha sedução ou protecção. Tenho-te admirado simplesmente porque sem tu cá estares eu não estaria também. Sem tu seres, eu não seria…Tenho-te observado cuidadosamente umas vezes, superficialmente, outras, ou ignorado simplesmente o mais das vezes. E sabes que já descobri em ti uma imensidão de objectos que te são alheios, te desfeiam e a mim me atrapalham? Porcas, parafusos, pregos, abraçadeiras, molas, chaves, porta-chaves, os mais diversos bocados de ferro, toalhas, roupa diversa, vidros, para não falar das latas, plásticos, bocados de pneus esfarrapados…e algum desses objectos já me travou a marcha e irritou. Mas foram eles não foste tu…e se fosses, estavas mais que perdoada. Apesar das partidas que me pregas!”
Texto e Fotografia de Idílio Freire
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