quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PRAIA GRANDE

Os nossos dias mais belos não sei quais seriam mas para mim eram os longos dias de Praia Grande, mergulhos e fatos de banho molhados, secos, molhados, secos. A areia muito quente, as manhãs e tardes de neblina, a rebentação, furar ondas, nadar mais longe e mais rápido, comer batatas fritas, bolas de berlim sem creme, atirar areia aos irmãos, a todos os irmãos, embirrar, dormir, enrolar na toalha e as nossas toalhas eram de cores lisas. Azuis, encarnadas, e uma de riscas e outras duas com bolas. O António perdeu umas barbatanas, eu perdia tudo atrás de mim e a mãe besuntava-nos com um óleo que cheirava a praia, a Praia Grande e mais nada. O sol queimava a pele, a pele nunca caía, eu corria para o mar estivesse frio ou calor e agora que tenho frio quase sempre e nem sempre vou à praia, a Praia Grande era o sonho dos mais belos dias das nossas vidas. Quero dizer, da minha vida. Todos os anos confirmávamos a presença das caras familiares. Agora a praia é outra praia igualmente grande e quente e fria mas a Praia Grande, essa, a única praia da nossa infância, essa mesma, a dos mais belos longos dias de Verão é só uma e chama-se agora a da boa memória.

Texto de Autor Desconhecido

Legenda: Imagem da revista “Kapa” s/d

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