O meu avô era um tipo assaz curioso, patusco mesmo. Por chalaça, por um certo gosto anarquista, apresentava-se às pessoas como: “Mário Santos – benfiquista, republicano histórico e anticlerical”. Ficava depois a gozar o efeito das palavras.Tinha um “béguin” pelo “Johnny Guitar” de Nicholas Ray, aquele diálogo fabuloso em que Vienna pede a Johnny para lhe contar mentiras, que ainda a ama como ela o ama e o velho vaqueiro, a filosofar sobre Johnny: “tal como ele disse, só precisa de um café e de uma boa cigarrada”.
A última vez que o viu terá sido para aí, por 1965, no “Chiado Terrasse”, e essa foi a minha segunda vez. Hoje já levo mais algumas.
O meu pai também gostava do “Johnny Guitar” porque, como dizia o mestre “o cinema é Nicholas Ray”.
Este disco existe porque o meu avô pediu ao meu pai que lhe arranjasse a canção tema do filme. Naqueles tempos a oferta de bandas sonoras era quase nula, o meu pai não encontrou a interpretação da Peggy Lee e comprou esta versão em espanhol cantada pela Juanita Cuenca, uma soberba capa amarela, uma fotografia como mandavam as regras.
O meu pai também gostava do “Johnny Guitar” porque, como dizia o mestre “o cinema é Nicholas Ray”.
Este disco existe porque o meu avô pediu ao meu pai que lhe arranjasse a canção tema do filme. Naqueles tempos a oferta de bandas sonoras era quase nula, o meu pai não encontrou a interpretação da Peggy Lee e comprou esta versão em espanhol cantada pela Juanita Cuenca, uma soberba capa amarela, uma fotografia como mandavam as regras.
Anos mais tarde consegui a Peggy Lee a cantar“Johnny Guitar”. O meu avô morreu com 85 anos e já não o ouviu.
Sempre que o meu pai punha o disco a rodar, mandava descer uns “whisquinhos” e empandeirava meio maço de “Unic” tabaco negro.
Play the guitar, play it again, my Johnny, maybe you're cold, but you're so warma inside.

Sem comentários:
Enviar um comentário