Andando a navegar pela blogosfera, fui desaguar ao “blogue” Frenesi Loja que se dedica a vender, na blogosfera, livros em 2ª mão. Acabei por saber que Calos Faria morrera em Janeiro deste ano.. Este é o texto retirado da Frenesi:
“Lisboa, 1966
Editora Lux, Lda.
1.ª edição [única]
19,5 cm x 13,2 cm
80 págs.
capa impressa a duas cores e relevo seco
exemplar manuseado mas muito aceitável, miolo limpo
COM EXTENSA DEDICATÓRIA DO AUTOR ASSINADA E DATADA
30,00 eur
Carlos Faria, ou Karlos Faria, tendo nascido no Ribatejo foi autor de expressão açoreana, e nessa qualidade, aquando do seu recente (Janeiro de 2010) falecimento, foram os escritores Eduardo Bettencourt Pinto e Onésimo Almeida os únicos que o celebraram. Aí, no arquipélago, co-fundou suplementos literários como Glacial (no jornal A União) ou Basalto (no Correio dos Açores). Entre as dedicatórias dos seus poemas de Lisboa pode ser traçado o lugar poético de um convívio a todos os títulos interessante, a saber: José Gomes Ferreira, Herberto Helder e Mário Cesariny. E são, precisamente, os poemas dedicados a estes dois últimos aqueles que mais nos revelam acerca dos nossos anos sessenta: «Cloridrato de Heroína» e «Flash».
Do segundo:
«Bêbedo de lua
recito António Nobre e Becquer
pelas ruas de Nova York...
– certo de que na América ninguém repara
como na Europa ninguém ouve!
– “Eh, sailor! Where do you come from?”
Conheci o Carlos Faria em 1967, na cave-estúdio-casa que o pintor Artul Bual tinha na Amadora.
Carlos Faria dizia-nos, então:
“Pânico é com Todos!” e “Pânico é incombustível”
O Helder Pinho delirava com aquela história do Pânico em plena ditadura salazarista, o Hugo Beja não percebia bem, o Armindo não tinha pachorra para excentricidades daquelas, por mim achava-o um tipo divertido. Grandes jantaradas naqueles restaurantes baratos que então havia no Bairro Alto. Andava sempre entre Angra do Heroísmo e Lisboa, a que chamava cidade pânica de reles silêncio, Kapital do Medo.
Em 1967 enviou-me o postal com o galo de Barcelos e nas costas escreveu um poema a que chamou “Epitáfio Pânico ao Galo de Barcelos”:
Um galo português é só pescoço!
- Ais de melancolia!
- “Bico” calado!
- Orelha Murcha!
- Olhos de Cegueira!
- Medo no peito!
- Coração no rabo!
- Doces, cornos farpados!
- Cornos de ½ Leca!
Depois fui para a tropa e nunca mais o vi.
Também nunca mais vi o Armindo, e o Hugo Beja passou um dia, como cliente, pela “Mariazinha” mas a Aida só se lembrou de quem era, quando já tinha saído, depois de deixar uma série de desenhos na toalha de papel, que acabámos por emoldurar e pôr na parede da tasca e que o pintor Fernando Azevedo, cliente da “Mariazinha”, achava um belo e curioso traço.
O Helder Pinho morreu em 2003 com 55 anos. Jornalista desde os princípios de A Capital,”em 1968, não entendia a vida sem excessos e morreu de um fulminante ataque cardíaco.
3 comentários:
Boa Tarde,
Hugo,
O Manuel Monteiro "Poeta Rebelde", está todos os Sábados e 3ª feiras na feira da Ladra. Agora é Alfarrabista. Vá a té lá, Ele precisa de falar de livros e não só... Esteve muito doente, foi operado ao coração. tenho trocado algumas impressões com ele através do facebook.
visite: "poeta rebelde blogue", através do google.
Abraço,
Abaladas
Bom dia
Sou filho de Carlos Faria e quero desde já agradecer-lhe a referência que faz ao meu Pai no seu Blogue
Gostaria de lhe pedir autorização para colocar no blogue do meu Pai (www.carlfar.blogspot.com) e no facebook a imagem do postal e o respectivo poema
Cumprimentos
Carlso Nuno Faria
Boa noite,
O meu nome é António Prata e muito gostaria de falar consigo sobre um assunto relacionado com a poesia de seu pai Carlos Faria.
Tenha a bondade de me facultar o seu contacto.
O meu nº de telemóvel é : 969009301, e o email é : antoniobprata@gmail.com
Os mais cordiais cumprimentos,
António Prata
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