A edição do “Diário Popular" de 7 de Setembro de 1968 refere, largamente, a festa que na véspera fora realizada na quinta do milionário Antenor Patiño.
Nuno Rocha voltou a ser o “Grande Repórter” e Vera Lagoa lá andou “Bisbilhutando” o que deu uma página de crónica ,que assim começava:
“Não posso dizer que começo a escrever às sete da manhã. Não posso dizer que o Sol está a nascer em frente da minha janela. Não. São apenas… seis e meia. E o Sol ainda não nasceu. Por enquanto há só uma faixa vermelha a debruar os telhados. Tenho, portanto uma meia hora de vantagem sobre a reportagem da festa dos Schlumberger”.
Feita a abertura, Vera Lagoa começa por falar da “festa das festas”, a reunião que se relaizara, no dia 5, em casa dos Vinhas.
"E mantenho o que disse. A festa portuguesa do Zambujal será a festa que ninguém esquecerá. Porque foi completamente diferente de todas as outras. Porque muita gente imaginou – e começou logo a especular – que os Vinhas iam fazer uma festa para competir com as dos milionários Schlumberger e Patiño. Conhecendo os Vinhas como conheço não pertenci a esse número.”
Mas como primeira impressão da festa dos Patiño, Vera Lagoa começa por falar do maravilhoso baile escrevendo que foi o “maior baile do ano, não só em Portugal, como no mundo inteiro.”Porque toda a gente que Vera Lagoa ouviu, lhe transmitiram essa opinião.
As cores escolhidas para a decoração do “fabuloso pavilhão” foram o verde e o vermelho. “Julgo que foi uma homenagem a Portugal.”
“A sorte acompanhou os Patiño. A noite esteve quente. Os Patiño mercerama sorte.”
Vera Lagoa regressa aos verdes e vermelhos, porque as toalhas eram inspiradas “nos antigos damascos portugueses. Candeeiros lacados de vermelho. Lagostas armadas em centros de mesa condiziam com os candeeiros. Sim porque não eram bem vermelhos, eram cor de coral. De vermelho, também, eram os vestidos das negras que peretnciam à orquestra de King Curtis.
Muitos mais vermelhos teria para descrever, mas fico-me no vestido da Patou de Vala Byfield. Afinal não pôs o de grés e, portanto não trazia jóias."
"Se no baile dos Schlumberger, havia mulheres lindas bem vestidas, neste ultrapassaram-se. Cada vez mais lindas. Cada vez mais bem vestidas. A primeira que vi, foi justamente a dona da casa Béatrice Patiño vestia de Dior Branco e ouro. Especialmente desenhado para ela.”
Mais mulheres belas, mais elegantes vestidas, "a nossa Amália também de vermelho, o smoking” janitíssimo, com o laço azul-pálido do meu amigo João Minnermann”, os sorrisos de uma noite de Verão do actor Curd Jurgens e a esposa e, se na festa dos Schlumberger a Gina Lollobrigida foi eleita, por Vera Lagoa o patinho feio e antipático, na dos Patinõ a escolha recaiu em Gunther Sachs. “Achei-o detestável. Com uma cara balofa, um ara convencidíssimo, etc.. Os pplay-boys cansam. Cansam-se a si e aos outros. Afondo de Hoenelche também não estva famoso. Quanto ao Principe Orsini… Talvez seja melhor não falar nele. Acheio-o uma decepção."
E, quase em final de crónica, Vera Lagoa confidencia-nos que dançou com o Zé Palha, o Henrique Salgado e como ficou feliz por saber que “as flores foram das “Flores da Romeira, da Avenida de Roma”, que Patiño comprou 1 200 garrafas de champanhe em Portugal, que deu trabalho a centenas de pessoas. Que houve dias em que trabalharam para as festas duzentos e cinquenta portugueses. De ver a alegria verdadeira, autêntica dos convidados. Mas do que maias gostei, foi de ter conseguido um rolo inteiro de fotografias".
E o remate final da crónica é este:
“A festa dos Patiño” foi um êxito. Os Patiños mereceram o êxito”Mas não me vou embora sem vos dizer que, através da crónica do Nuno Rocha, fiquei a saber que o tal Gunther Grass que Vera Lagoa achou detestável era, nem mais nem menos, que o último marido de Brigitte Bardot, que toda a noite dançou com uma loira de pouco mais de vinte anos e com aspectro nórdico.
Já agora: a acrtiz Zsa Zsa Gabor, que se dizia não ter sido convidada por nenhum dos milionários, apareceu em Lisboa convidadad por Antenor Patiño.
Se no inico deste disparate todo, não lembrava por que guardara toda a esta papelada, chegado aqui também não sei, por que perdi todos este tempo a desfilar banalidades de milionários por Agosto de 1968, tempo em que Portugal vivia uma feroz ditadura.
Qualquer coisa para meditar nas noites de inverno que se vão aproximando…
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