sexta-feira, 14 de outubro de 2011

JANELA DO DIA


1.

O começo com Almeida Garrett, que fui buscar à epigrafe que José Saramago colocou em “Levantado Chão”:

“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico.”

2.

O presidente da Caritas de há muito vem alertando para o constante aumento do número de pobres.

Eugénio Fonseca lamentou  que  “aqueles que já estavam no limiar da pobreza vão ficar mais pobres e alguns vão cair efectivamente na pobreza".

3.

O bispo emérito de Setúbal considerou que as medidas anunciadas pelo Governo vão fazer "escorrer muito sangue" e assumiu-se como "derrotado" ao fim de 84 anos de vida a lutar contra a fome.

"As manifestações são o mínimo que pode acontecer numa situação que poderá resultar em violência, mas não sei se o povo terá forças para ir para a rua, mas muitas coisas graves poderão acontecer", sublinhou Manuel Martins.

4.

D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas,  apontou  a falta de pedagogia e de jeito do Governo na preparação das pessoas e organismos para as novas medidas de austeridade anunciadas.

"Este Governo é um cobrador de impostos", tudo isto é tão apertado, que a própria terapêutica vai matar o doente."

5.

Ferreira Fernandes, hoje, na sua crónica no “Diário de Notícias”:

“Eu gostava, mesmo, era de convencer Passos Coelho a não abandonar aquela ideia de nos convencer de que os governantes estão no nosso barco. Por exemplo, ele tem dois colegas no Governo, Miguel Macedo e José Cesário, com casa própria em Lisboa, mas que, por serem da província, recebem subsídio (1150 euros/mês) de alojamento. Tudo legal, eu sei, mas também os subsídios de férias e Natal de outros portugueses eram legais e acabaram. Coisinha pouca (poupavam-se 2300 euros/mês), eu sei, mas seria exemplar. Se Passos Coelho me ouvisse, eu comprometia-me, cada semana, a custo zero por causa da crise, a dar-lhe um bom exemplo”.

6.

Sua Excelênciancia o Presidente da República Anibal Cavaco Silva:

“A crise que atravessamos é uma oportunidade para que os Portugueses abandonem hábitos instalados de despesa supérflua, para que redescubram o valor republicano da austeridade digna, para que cultivem estilos de vida baseados na poupança e na contenção de gastos desmesurados".

7.

O velho botas-de-santa-comba, em 1943:

“Julgo que algumas vezes se tem exagerado as nossas possibilidades. Nós somos um país pobre, que, tanto quanto se enxerga no futuro, não pode na Metrópole aspirar a mais que à dignidade de uma vida modesta.“

7.
O Boris,  no café do bairro, à hora dos tele-jornais:

:Vãosafoder todos, pá!

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