Até agora, o começo que mais me tinha impressionado era o de O
Estrangeiro. Li-o nos tempos da minha
mais inicial juventude e sem que ninguém me avisasse do que ali me esperava:
«Hoje, a mamã morreu. Ou talvez ontem, não sei.» Não se me escapa que esse
início está considerado um dos melhores da novela contemporânea. Vem-me outro à
memória, de leitura mais recente: «Fui cordialmente convidado para fazer parte
do realismo visceral. Aceitei, naturalmente. Não houve cerimónia de iniciação.
Antes isso» (Roberto Bolaño, Os Detectives Selvagens). É um começo magnífico, precisamente porque carece de qualquer espécie
de iniciação.
Enrique Vila-Matas em Diário Volúvel
Sem comentários:
Enviar um comentário