quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

COMEÇOS DE LIVROS


Até agora, o começo que mais me tinha impressionado era o de O Estrangeiro. Li-o nos tempos da minha mais inicial juventude e sem que ninguém me avisasse do que ali me esperava: «Hoje, a mamã morreu. Ou talvez ontem, não sei.» Não se me escapa que esse início está considerado um dos melhores da novela contemporânea. Vem-me outro à memória, de leitura mais recente: «Fui cordialmente convidado para fazer parte do realismo visceral. Aceitei, naturalmente. Não houve cerimónia de iniciação. Antes isso» (Roberto Bolaño, Os Detectives Selvagens). É um começo magnífico, precisamente porque carece de qualquer espécie de iniciação.

Enrique Vila-Matas em Diário Volúvel

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