terça-feira, 1 de janeiro de 2019

AINDA TEMPO DE NATAL


António Gedeão em sua casa na Rua Sampaio Bruno.
Uma fotografia encontrada na Internet mas não consegui obter qualquer informação de quem se encontra a seu lado.
Mas é uma fotografia de serenidade, a atitude delicada de um príncipe que sabe receber.
O tempo é de Natal porque está um prato com broas castelar em cima da mesa e vêem-se também duas chávenas de chá.
Alguém visitou o poeta, o professor, ele que era um estupendo conversador.
Entendi que seria bonito colocá-la aqui neste primeiro dia do novo ano, também pretexto para deixar um poema de António Gedeão:

Poema da Morte Aparente

nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora,
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.

a suspirar e a protestar morreram.
e agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram
tão brancos como se as dentaduras fossem novas.

De Linhas de Força (1967) em Obra Completa

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