Terminamos a entrevista que João Pedro George fez a Luiz Pacheco, uma das melhores entrevistas que fazem parte de O Crocodilo Que Voa.
Tem um final mesmo à
Pacheco, põe o jornalista a andar, porque está cansado, tem de ir mijar e comer
qualquer coisa…
Vai sair na Dom
Quixote, em breve, um diário inédito, o Diário
Remendado...
Aquele diário é uma conversa comigo mesmo, um desabafo... e é um
fragmento de um fragmento do meu diário... é uma amostra, um fragmento daquele
período, entre 1971 e 1975... deitei muita coisa fora... tirei mais de
metade...
Inclusive o relato do
25 de Abril...
Esse corte foi
deliberado... eu não gosto daquele texto... era uma resposta aos gajos que
faziam artigalhadas mais ou menos inventadas com o título “O meu 25 de
Abril”... aquilo era tão presunçoso... não foi só um gajo, ainda foram uns
quantos... se tu fores consultar os jornais na altura verificas isso... era uma
paródia a esses gajos... Como é que foi o seu 25 de Abril? Ó pá, os colhões do
Padre Inácio... já ninguém liga ao 25 de Abril...
Foi de pijama para o Largo do Carmo...
Mas não foi de
propósito... eu estava em casa, sozinho, o Paulo tinha ido para o liceu, estava
a rever provas do Pacheco versus Cesariny... de repente chateei-me, não tinha
telefonia, não tinha televisão, não tinha nada, chateei-me de rever provas e
disse vou ali beber uma cerveja e quando venho de beber a cerveja há o barbeiro
que me diz «ó senhor Pacheco, olhe que há revolução em Lisboa». Então enfiei o
sobretudo que me deu o marido da Natália Correia e fui para Lisboa... não foi
de propósito que eu fui para o Carmo de sobretudo e pijama... Agora não
respondo mais nada… Estou cansado… são 80 anos, caramba! Vá, pira-te que eu
tenho de mijar e tenho de ir comer qualquer coisa…
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