Em carta, datada de 30
de Julho de 1973, Jorge de Sena, sobre os números da Critique, responde a António Ramos Rosa:
Por este correio seguem 8 números da Critique (7 fascículos – Junho 1952 a Janeiro 1953). Daí em diante estão
emprestados ao Casais Monteiro; e daí para trás, suponho que são os que V. leu.
Não são uma dádiva celeste que lhe faço – é um empréstimo que repito com gosto.
E deixe-me dar-lhe um conselho (não se zanga?) – não se confine aos artigos
exclusivamente literários. Um dos meus maiores receios em relação ao
desenvolvimento daquele, para todos os efeitos. Mais novos, é que se confinem
demasiado ou na poesia (que mata tudo) ou no «letrismo» (que não mata nada, o
que será ainda pior). Os ângulos de compreensão que uma cultura variada permite
sobre a vida podem muita vez salvar-nos do desespero que sempre nos acompanha
por um caminho demasiado único.
Que ideia a sua! – então eu não lhe responderia, porque a sua resposta
não «correspondia» não sei quê de belo e grande que lhe escrevi. Nunca V. deixe
que a solidão se apodere de V.: apodere-se V. dela, que é seu dever de poeta ( e
dê de comer à sua águia… em vez de o dar aos macacos do sótão… - eu sei que a
águia já não se usa, mas ainda serve).
Jorge de Sena envia
ainda um P.S.:
Trate-me as revistas com estimação, sim? Sou, de facto, um «chato»
muito grande – tenha paciência.
Sem comentários:
Enviar um comentário