Teu pai um potro de sangue
emprenhou uma gazela
tu nasceste mas exangue
a vencida foi sempre
ela.
A pouco e pouco
cresceste
nos túneis da liberdade
nos túneis porque nas
ruas
era bem outra a verdade.
Um povo inteiro pagava
o tributo de existir
e servia a quem mandava
agonizar a sorrir.
Depois menino batido
por tantas feras à
solta
foste aprendendo o
sentido
da vingança e da
revolta.
Em ti deitaste raiz
tronco fino mas não frágil
e inventaste um país
maior mais livre e mais
ágil.
De tudo te disfarçaste
cigano vadio actor
mas nunca te
amordaçaste
nem português nem
escritor.
Escrevendo com sangue e
letras
entraste na grande
guerra
e dos operários poetas
que escreveram esta
terra.
Hoje a luta recomeça
mas já de igual para
igual
muito obrigado Bernardo
Santarém de Portugal.
José
Carlos Ary dos Santos
NOTA DO EDITOR:
Este poema/canção
faz parte da peça Português, Escritor, Quarenta e Cinco Anos de Idade de
Bernardo Santareno, representada pela primeira vez em 5 de Julho de 1974 no
Teatro Maria Matos, numa encenação de Rogério Paulo. A música é de Fernando
Tordo.
3 comentários:
Obrigado pela partilha! Existe também algum registo da música de Fernando Tordo disponível para consulta?
A pesquisa , não exaustiva que fiz, não permitiu encontrar a canção na discografia do Fernando Tordo. Mesmo o poema do Ary dos Santos não o encontro nos seus livros. Apenas conheço o poema da peça de Bernardo Santareno: «Português, Escritor, 45 Anos de Idade».
Pois, tenho estado à procura de registos da peça para localizar a música mas ainda não consegui nenhum resultado. Obrigado mais uma vez pela partilha e pela ajuda!
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