Só agora, fortuitamente, uma chatice, ultimamente tudo me acontece fortuitamente, dei conta que o Presidente da República atribuiu a Grã-Cruz da Ordem de Camões a António Lobo Antunes no 10 de Junho e entregue a Lobo Antunes a 1 de Setembro, dia do seu aniversário.
«Em 2018, passam 20 anos sobre a atribuição a José Saramago do Prémio Nobel da Literatura.
Maria do Rosário Pedreira lembra no seu blogue Horas Extraordinárias:
«Há uns anos, pediam aos membros do P.E.N. uma sugestão de um autor português que devesse ser candidato ao Prémio Nobel, e o nome do escritor que colhesse mais «votos» era depois encaminhado para o P.E.N. Internacional que, suponho, teria voto na matéria e poderia propor nomeações. Eu puxei sempre a brasa à minha sardinha (de poeta) e indiquei, enquanto foi viva, Sophia de Mello Breyner e, depois, embora soubesse que provavelmente o recusaria, Herberto.»
Miguel Torga será o escritor português que mais vezes foi, pelos seus pares, indicado para o Prémio Nobel da Literatura.
Passou despercebida a notícia de que a Academia Sueca pediu formalmente à Academia das Ciências de Lisboa a indicação de um candidato ao próximo Prémio Nobel da Literatura:
«Em nome da Academia Sueca temos a honra de vos convidar a nomear, por escrito, um candidato (ou candidatos) ao Prémio Nobel da Literatura para o ano de 2018.
Os membros da Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa indicaram os nomes de Manuel Alegre, o mais votado, e Agustina Bessa-Luís.
Provavelmente, António Lobo Antunes, o eterno candidato português, não terá apreciado o gesto dos membros da Academia.
Mas tudo foi em vão.
Soube-se, hoje, que este ano não haverá Nobel da Literatura.
A Academia Sueca ficou sem quórum depois da última demissão e, por esse motivo, o prémio não pode ser atribuído. O impasse resulta do facto de, embora demissionários, os membros da Academia não poderem ser substituídos enquanto forem vivos.
Tudo começou em Novembro do ano passado, com o escândalo que envolve o fotógrafo Jean-Claude Arnault, marido da poeta Katarina Frostenson, um dos membros mais proeminentes da Academia: Arnault é acusado de assédio sexual por dezoito mulheres, mas, indiferente à controvérsia, Katarina Frostenson só se demitiu há poucas semanas.
Trata-se da primeira vez que, em tempo de paz, o prémio não é atribuído.
O Nobel da Literatura foi, tal como os das restantes categorias, sete vezes não atribuído durante as guerras mundiais do século passado mas nunca por outros motivos.
Questionado pelo Diário de Notícias pela não
atribuição do Nobel da Literatura, António Lobo Antunes reagiu assim:
«O assunto Nobel não me interessa.»

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