As Opiniões Que o DL Teve
José Saramago
Capa: Lucília Louro
Editorial Futura e Seara Nova, Lisboa, Janeiro de 1974
José Saramago
Capa: Lucília Louro
Editorial Futura e Seara Nova, Lisboa, Janeiro de 1974
José Saramago foi colaborador do Diário de Lisboa.
O trabalho mais significativo ocorre entre
Fevereiro de 1972 e Dezembro de 1973.
Neste lapso de tempo, Saramago,
anonimamente, escreveu os editorias que o jornal publicou.
Esses editoriais estão incluídos neste
livro As Opiniões que o DL
Teve.
Na apresentação, datada de 31 de Dezembro de 1973, escreve Saramago:
Muito do que então escrevi não ultrapassa o nível do circunstancial (…) Entre os artigos alguns há que, redigidos na sua altura, apenas agora vêem a luz do dia: o facto não precisa explicação. Permita-se-me, contudo, que lamente o que nem sequer pude escrever, só porque de antemão sabia que não valai a pena. (Mas recuso, neste justo momento, a fácil complacência de me louvar ao que não cheguei a fazer…)
Quero acreditar que o trabalho que realizei teve alguma utilidade. Doutra maneira não me seria possível continuar. E eu vou continuar.
O último número do Diário de Lisboa
foi publicado no dia 30 de Abril de 1990.
Estas são as palavras que José Saramago escreveu
para esse dia triste da História da Imprensa Portuguesa:
Algo vai mal neste nosso país para que um jornal como
o “Diário de Lisboa” tenha de acabar. A culpa é de quem? Dos leitores a quem
deixou de interessar o perfil informativo e opinativo do “Diário de Lisboa”?
que não pode ou não quis compreender e acompanhar a mudança dos tempos? A
evidência nua e crua está aí: o “Diário de Lisboa” acaba. Dá vontade de dizer
que é também uma certa maneira de ser português que se extingue. Se calhar o
“Diário de Lisboa” já era um “fóssil”, e eu, recordando o tempo em que nele
trabalhei, também começo, provavelmente, a petrificar-me. Lembrar-me eu de que
então acreditávamos que, vencido o fascismo, só haveria lugar para a Verdade e
que nós, os jornalistas, seríamos firmes, capazes e incorruptíveis na sua defesa.
Ó santa ingenuidade.
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