Santos Populares.
Outros Bailes da Vida.
Cheira a Lisboa.
Mas os arraiais já não são o que eram. Nada já é como era...
Há dias estive na Bica, não havia conjunto, um rapaz cantava, um qualquer aparelho fazia o resto, não havia sardinhas, apenas farturas e muita, mesmo muita cerveja. Uma grande quantidade de jovens que ali estavam mais para se embebedarem do que para Bailes da Vida.
Lisboa já tem Sol mas cheira a Lua
Quando nasce a madrugada sorrateira
E o primeiro eléctrico da rua
Faz coro com as chinelas da Ribeira
Se chove cheira a terra prometida
Procissões têm o cheiro a rosmaninho
Nas tascas da viela mais escondida
Cheira a iscas com elas e a vinho
Um craveiro numa água furtada
Cheira bem, cheira a Lisboa
Uma rosa a florir na tapada
Cheira bem, cheira a Lisboa
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar
Lisboa cheira aos cafés do Rossio
E o fado cheira sempre a solidão
Cheira a castanha assada se está frio
Cheira a fruta madura quando é Verão
Teus lábios têm o cheiro de um sorriso
Manjerico tem o cheiro de cantigas
E os rapazes perdem o juízo
Quando lhes dá o cheiro a raparigas
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