sábado, 12 de junho de 2010

BOLAS PR'O PINHAL!

Se este povo vivesse o País como vive o futebol, outro galo, há muito estaria a cantar, dizia o outro.
Que se deixou cair que o futebol tenha apanhado?

“Obrigado, futebol, por tudo o que nos deste, pelo vinho e pela cicuta (e pelo esquecimento). Obrigado pelos dias desordenados e pelas noites transbordantes, obrigado pelas lágrimas e pelo riso, pelo oiro e pela tempestade, obrigado pelo escândalo ruidoso da alegria (…)
Agora que partiste, voltaram eles, saídos da sombra, os dos discursos, os das promessas, os economistas, os usurários(…)
Agora ligamos a TV e temos apenas motivos de dor e de vergonha. Sophia morreu, Maria de Lourdes Pintasilgo morreu, Carlos Paredes morreu. Restam aqueles homens hirtos, de fatos às riscas, e aquelas mulheres prosaicas, de risos afectados, tresandando a
eau de parfum, repartindo atabalhoadamente títulos e pastas governamentais como os soldados romanos a túnica de Cristo.”
Manuel António Pina, “Visão”, Julho de 2004

“Naqueles pastéis televisivos que tivemos de aturar durante o Mundial, a recepção aos nossos heróis foi um dos pontos altos. Lá estava o povo televisivo com a moleirinha ao sol. O povo televisivo não tem nada a ver com o povo. Foi especialmente criado para o “prime time”. Está em todos os grandes acontecimentos, recepções, festejos e julgamentos. É uma espécie de Lili Caneças colectiva. E é bipolar: ou está indignado ou está comovido. Na SIC, um senhor fez coisa rara e juntou os dois estados de alma: “Queria agradecer ao “miste”r Scolari por ter conseguido o que os políticos não conseguem: unir os portugueses.”
Fernando Madrinha, “Expresso”, Julho 2006

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