quarta-feira, 9 de junho de 2010

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Dizia o meu pai que valia mais uma garfada de atum “Tenório” do que uma lata de qualquer outra marca.

Desde miúdo que lá por casa me lembro de ver as latas de atum “Tenório”. A casa era de dinheiros remediados e o atum, porque era “Tenório”, não era tratado como refeição vulgar de Lineu.

A qualidade do produto sempre exigiu que o seu preço estivesse açima das restantes marcas.

Sou suspeito na matéria, mas o Hans-Martin Sturz, um amigo alemão, viajante por quase todo o mundo, diz que nunca comeu outro atum como o “Tenório”.

Lamenta bastante não o encontrar à venda em Hamburgo e quando vem a Portugal abastecesse-se exemplarmente.

Todos os anos, por Dezembro, envio-lhe meia dúzia latas que ele tem o bom gosto de colocar, como entrada, acompanhando-o com uma grande salada, no seu jantar do Dia de Natal.

A família e os amigos consideram que esse é um momento de requintado “gourmet”.

O atum é pescado nos mares dos Açores, e nos Açores preparado e embalado
.
Temos tendência a esquecer estas nossas pequenas-grandes-coisas.

A nossa indústria conserveira era uma das mais afamadas do mundo. Deixou de o ser no dia em que os subsídios dos fundos da CEE destruíram a frota pesqueira.

O mesmo aconteceu com a agricultura.

Em nome de quê?

Hoje, infelizmente, vamos sabendo o porquê!

Resta-nos, como glória chocha, os mourinhos e os cristianos ronaldos…

Bem podemos limpar as mãos à parede

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